O foragido da Justiça brasileira Allan dos Santos alfinetou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF) ao afirmar que ela está “cagando” para o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, por condenação no processo da trama golpista.

A declaração de Allan, feita nessa segunda-feira (1º/12), ocorre em meio à tensão interna na família bolsonaro, após Michelle criticar aproximação do diretório do PL no Ceará com Ciro Gomes (PSDB).

“Se eu falar, eu estrago o velório. Michelle não tem nenhum aval dos filhos para estar falando o que ela está falando. Ela não estava quando o Bolsonaro foi preso. Ela está viajando o Brasil inteiro como se o Bolsonaro já estivesse morto. Ela está cagando para o Bolsonaro. Nem o Tarcísio tem interesse da Michelle por perto”, afirmou Allan durante o programa de entrevistas e análises no YouTube.

As críticas do jornalista, que mora nos Estados Unidos, apesar de foragido da Justiça brasileira desde 2021, indicam um fogo amigo no partido político de Bolsonaro, o PL, em meio à indecisão para o sucessor do ex-presidente nas eleições presidenciais de 2026 — o ex-chefe do Planalto está foragido.

Preso na manhã de 22 de novembro, Bolsonaro estava em casa, em Brasília, com o filho Carlos Bolsonaro.

À época, Michelle estava no Ceará para participar de um encontro do PL Mulher Nacional na cidade de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Com a prisão de Bolsonaro, ela cancelou a presença no evento e voltou a Brasília de imediato.

A crítica de Allan coincide com as dos filhos de Bolsonaro, ao citar que Michelle estaria passando pela liderança do ex-presidente pela fala “autoritária e constrangedora”, ao criticar o deputado federal do próprio partido, André Fernandes, por sinalizar apoio ao Ciro Gomes.

“É sobre essa aliança que vocês [PL-CE] se precipitaram a fazer. […] Fazer aliança com o homem [Ciro] que é contra o maior líder da direita, isso não dá. […] A gente quer pacificar, quer ter a unidade, e a gente vê que a pessoa [Ciro] não levanta a bandeira branca. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como, não existe mais essa”, disse Michelle durante o evento de lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE).

No entanto, André Fernandes afirmou que a articulação com o ex-ministro ocorreu “com respaldo da cúpula nacional” e que a própria iniciativa partiu de Bolsonaro. Desde então, Michelle recebeu críticas de apoiadores e alguns respaldos de bolsonaristas, que acreditam que Ciro contraria os valores do partido e rompe com a linha política defendida nacionalmente.

Caio Ramos

METRÓPOLES