Bancada de MS critica aumento de 170% em reembolso com saúde
Parlamentares afirmam que não há justificativa para a medida, já que existe um plano de saúde
Flávio Veras
Após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reajustar em 170,8% o valor destinado ao reembolso de gastos com saúde dos parlamentares, os deputados da bancada sul-mato-grossense repercutiram na canetada do chefe do Legislativo.
De acordo com os parlamentares ouvidos pelo Correio do Estado, a medida é um despropósito, pois eles já possuem um plano de saúde assistencial que é gerido pela Caixa Econômica Federal.
Ou seja, não teria motivo para a tomada de uma medida como essa, ainda mais em um momento em que o País atravessa uma crise sanitária e econômica sem precedentes na história, ocasionada pela pandemia da Covid-19.
Um dos entrevistados que adotou o coro contrário à medida é o deputado Fabio Trad.
Ele afirmou que nunca fez uso do benefício, pois paga convênio de saúde particular, e além disso criticou a medida, afirmando ser um “contrassenso o presidente Lira tomar uma atitude como essa, ainda mais em um momento em que o País atravessa grande dificuldade” .
“Isso ajuda a ferir a imagem do Parlamento, que já vem sendo desgastada por malfeitos de parlamentares. Em um momento como esse, adotar esse tipo de medida é um despautério, parecendo que não estamos vivendo a mesma pandemia em que o Brasil se encontra. Caso surja um projeto que tente barrar a medida, votarei sim para derrubá-la ”, projetou.
Dagoberto Nogueira (PDT) foi na mesma linha de Trad ao criticar a medida. Ele disse que não entendeu a tomada de decisão, já que existe um convênio que atende os parlamentares.
Além disso, afirma que o único motivo que ele vislumbra para a tomada de decisão de Lira seria para favorecer um político em específico, que afirmou não saber quem seja, que estava em tratamento da Covid-19 em um hospital que tem valores elevados.
“A única explicação seria essa, pois eu já estou no meu quarto mandato e nunca pedi ressarcimento de nenhum tratamento, já que utilizo o plano disponibilizado pela Câmara. Não entendi essa medida do Lira, só pode ter sido para atender o interesse de alguns parlamentares, pois não tem justificativa ”, disse Dagoberto, lançando dúvidas sobre a intenção de Lira.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nos bastidores, articulou para a eleição de Arthur Lira à presidência da Câmara. O deputado Luiz Ovando (PSL), apesar de ser aliado da base bolsonarista no Congresso, afirmou que a resolução não coaduna com o momento pandêmico do Brasil.
“Nunca usei esse valor e não concordo com esse ato, principalmente por conta do momento crítico de pandemia que estamos passando. Todas as medidas do Congresso devem estar voltadas para ajudar a saúde da população e o desenvolvimento e a retomada da economia de nosso País ”, criticou.
HISTÓRICO DA MEDIDA
Desde 2013, a Câmara passou a autorizar o reembolso de despesas médicas de até R $ 50 mil de forma automática. Apenas valores acima disso precisavam ter o aval da Mesa Diretora, composta por sete integrantes, incluindo o presidente da Casa.
CORREIO DO ESTADO