Atacar urna deve ser desculpa para possível derrota eleitoral, diz Gilmar Mendes

23/08/2022 10h09 - Atualizado há 2 anos

Ministro do Supremo Tribunal Federal reiterou que nunca houve um episódio de fraude envolvendo urnas no Brasil

Cb image default
Divulgação

FOLHAPRESS

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta segunda-feira (22) que o ataque às urnas eletrônicas pode ter surgido para justificar uma possível derrota nas eleições.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que levantou dúvidas sobre as urnas eletrônicas em diversas ocasiões, Gilmar defendeu o sistema eleitoral brasileiro.

“Nunca tivemos um episódio sequer de fraude que fosse atribuída às urnas eletrônicas. O que me parece é que esses movimentos populistas e de feições iliberais vivem atrás de determinadas mensagens que possam unir o seu grupo e que se achou então essa desculpa em relação às urnas eletrônicas inclusive talvez para justificar uma possível derrota nas eleições ou para justificar alguma coisa do tipo”, disse Gilmar, em entrevista coletiva no Recife.

Em seguida, Gilmar disse que Bolsonaro venceu várias eleições com votação por meio das urnas eletrônicas -antes de ser presidente, foi deputado federal.

“Tivemos eleições [em 2018] em que, se fosse se dizer que Bolsonaro ganharia a priori, muitos diziam que seria uma fake news, e ele ganhou, como ganhou outras eleições e nunca houve queixa que se tratasse de fraude. Agora se diz ‘ah, em 2018 teve fraude’, mas teve fraude e ele ganhou? Isso causa perplexidade”, acrescentou o ministro, que recebeu homenagens no Recife pela manhã.

Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto na disputa de 2022, Bolsonaro promoveu, em discursos, insinuações golpistas contra o sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas de supostas irregularidades.

Gilmar Mendes foi questionado sobre a reportagem do portal Metrópoles que afirma que empresários bolsonaristas defenderam, em um grupo de WhatsApp, um golpe de Estado caso o ex-presidente Lula vença as eleições em outubro.

O decano do Supremo disse acreditar que a Procuradoria-Geral da República pode fazer denúncias em relação a crimes contra a ordem democrática.

“Acredito que certamente o próprio MP e a Justiça reagirão, porque golpe é crime e a defesa de golpe é crime e certamente haverá reação das instituições incumbidas.”

CORREIO DO ESTADO