Assessora de Carlos Bolsonaro pediu ajuda a Ramagem em inquérito policial, segundo PF

30/01/2024 04h27 - Atualizado há 9 mêses

Troca de mensagens foi encontrada depois de quebra de sigilo telemático

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FLÁVIO MARROSO / CMRJ - 12/05/2022

A Polícia Federal encontrou uma troca de mensagens no celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, entre ele e Luciana Almeida, assessora do vereador Carlos Bolsonaro, em que ela pedia "ajuda" relacionada ao inquérito policial. Segundo a PF, as mensagens eram indicativos de que "o núcleo político possivelmente se valia de Ramagem para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas".

Mensagens foram encontradas depois da quebra de sigilo telemático no celular de Ramagem. Ainda de acordo com a PF, o pedido seria sobre investigações que envolviam a família Bolsonaro. Confira um print da troca de mensagens abaixo: 

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Troca de mensagens entre assessora de Carlos Bolsonaro e Ramagem

REPRODUÇÃO/PGR

A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro nesta segunda-feira (29). A residência do parlamentar é localizada no Condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), onde o pai também possui um imóvel. São nove mandados cumpridos também em Brasília (DF) e na Bahia.

Na decisão que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes afirma que os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, com objetivo de “obter ganho de ordem política posto que criavam narrativas para envolver autoridades públicas de extrato politico oposicionista da então situação”, bem como para “fiscalizar” indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos.

"Ressalte-se, ainda, que os significativos indícios colhidos pela Polícia Federal apontam a possibilidade de identificação de ainda mais núcleos de atuação da organização criminosa, com participação de outros agentes ainda não identificados, considerando que a estrutura paralela instalada na Abin executava tarefas clandestinas multifacetadas", disse.

O ministro disse ainda que as investigações mostram que as “demandas” eram tratadas por meio de assessoras, e não diretamente entre os investigados.

“Corroborando ainda mais o zelo em relação aos vestígios das condutas delituosas, de modo que o não acolhimento da representação em relação à Luciana Almeida poderia prejudicar, significativamente, a colheita de provas e o deslinde da investigação", afirmou o ministro.

A decisão ainda mostra que a Procuradoria-Geral da República se manifestou a favor das buscas e apreensões, menos em relação à assessora de Ramagem. Entretanto, o ministro afirmou que as medidas eram "necessárias em relação a ela, tendo em vista que, na qualidade de interlocutora de Alexandre Ramagem, figura central da organização criminosa ora investigada, foi apontada

como a receptora do pedido de informações clandestinas realizado por Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro".

Gabriela Coelho e Giovanna Inoue, do R7, em Brasília