Aras trocava mensagens com empresários investigados pelo STF por tramar golpe

24/08/2022 08h53 - Atualizado há 2 anos

Nos diálogos, interlocutores criticavam o ministro do STF e ainda comentavam sobre as eleições deste ano

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Foto: Agência Brasil

Aparelhos de telefones celulares apreendidos na manhã desta terça-feira (23) pela Polícia Federal com empresários bolsonaristas há trocas de mensagens com o procurador-geral da República, Augusto Aras, o Procurador-Geral da República, que comanda todas as instituições do Ministério Público Federal no Brasil.

A informação, noticiada em primeira mão pelo site Jota, foi confirmada por fontes da Polícia Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Policiais federais deflagraram logo pela manhã uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão contra ao menos oito empresários bolsonaristas que defenderam, em diálogos com grupos de aplicativo de mensagens, um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, conquiste as eleições de outubro.

Ainda conforme o Jota, fontes do MPF, PF e STF, disseram que nas mensagens haveria críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes e também comentários sobre a candidatura do presidente Jair Bolsonaro.

As mensagens também são mantidas sob sigilo, mas já viraram tema de discussão entre ministros do STF.

Aras, além de PGR, é também o procurador-geral eleitoral. E a troca de mensagens com empresários que se tornaram alvo do inquérito que investiga atos antidemocráticos pode trazer embaraços para ele nesta posição, publicou o Jota.

Especialmente porque o que levou à deflagração da operação foram mensagens desses empresários com defesa de Bolsonaro e críticas à eleição do ex-presidente Lula.

Segundo a PGR, o relator do processo no STF, o ministro Alexandre de Moraes, autorizou as buscas e só comunicou a PGR depois de iniciada a operação da PF na manhã desta terça-feira. No entanto, fontes ligadas a Moraes defendem que a PGR foi informada da operação na segunda-feira (22/8).

Narra o Jota que um dos amigos de Aras é o empresário Meyer Nigri, da construtora Tecnisa, que foi citado nominalmente no discurso de posse de Aras como PGR. “Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos.

E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome de quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias”, disse Aras. E acrescentou no seu discurso:

“Ficaria difícil para mim nominar cada amigo. Então peço vênia para, em nome de Meyer Nigri, cumprimentar a todos presentes, especialmente aos amigos da Bahia aos quais não teria como nominar um a um e a todos os colegas e amigos aqui presentes”.

De acordo com assessores de Aras, relata o site, o procurador-geral da República tem conhecidos e amigos no mundo empresarial e, portanto, há conversas entre eles.

Os assessores reiteram que Aras soube somente nesta terça-feira (23/8) da operação e, portanto, não trocou informações sobre as diligências policiais. E afirmam que as mensagens enviadas por Aras a um dos empresários, agora alvo da investigação, são comentários apenas “superficiais”.

*Com informações de Jota Info

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