Ameaça derruba dirigente e abre espaço para senadora presidir PSL

16/01/2019 00h00 - Atualizado há 5 anos
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Divulgação

O primeiro suplente entrou em atrito com Soraya ainda na campanha eleitoral

Suposta ameaça feita contra a senadora eleita do PSL, Soraya Thronicke, durante a campanha eleitoral, derrubou o pecuarista de Dourados, Rodolfo Nogueira, da presidência do partido. Ele é primeiro suplente da parlamentar. Desde o dia primeiro de janeiro deste ano, o PSL estadual tem uma nova composição e a executiva nacional do partido, elegeu como presidente a própria senadora.

O vice-presidente eleito é o segundo suplente de Soraya no Senado, o advogado Danny Fabrício Cabral Gomes. O secretário-geral do PSL no Estado é o deputado federal, Loester Carlos Gomes Souza, o Tio Trutis. 

O exercício do mandato começou no dia 1º deste mês e encerra em 30 de junho deste ano. O vice-presidente regional, esclareceu que toda comissão provisória tem duração de 180 dias. “Podendo ser renovada de acordo com os critérios determinados pela executiva nacional, que acolheu plena e integralmente a nominata da nova executiva estadual”, disse.

Segundo Danny, a presidência foi escolhida pelo partido nacional. “A decisão de nomear a senadora Soraya Thronicke como presidente do PSL foi da Executiva Nacional, e a mesma foi assinada pelo presidente Nacional, Luciano Bivar”, explicou.

O vice-presidente regional comentou sobre a saída de Rodolfo. “Não haveria a menor condição do senhor Rodolfo permanecer na mesma executiva com a senadora, após tê-la ameaçado, tendo sido tal fato objeto de boletim de ocorrência policial. Por essa razão ele foi retirado da executiva”, esclareceu. Danny disse também que foi necessário o Rodolfo ser comunicado pela presidência do partido que não mais ficaria à frente do PSL em Mato Grosso do Sul. 

O segundo deputado estadual mais bem votado no Estado, na eleição do ano passado, Coronel David (PSL), não foi convidado para participar da presidência do partido. Ele é amigo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).  O campeão de votos, Capitão Contar, também do PSL, está na executiva no cargo de Vogal.

Questionado sobre os motivos de não ter tido recebido um convite, David respondeu ter lado na história. “Rodolfo foi incubido pelo presidente Bolsonaro para organizar o partido. Ele me apoiou quando apresentei o nome da Soraya, que era desconhecida, para ser a candidata ao Senado. Eu apresentei a atual senadora ao Bolsonaro e Rodolfo apoiou isso”, disse. 

Coronel David deu o mérito ao Rodolfo por ter reerguido o PSL em Mato Grosso do Sul. “Sou testemunha do que foi feito para o partido se tornar o que é hoje. Tenho que ficar ao lado de quem fez isso, Rodolfo foi responsável por levantar o PSL”.

Rodolfo Nogueira explicou ter sido avisado pelo partido nacional, que a presidência provisória dele, acabaria no dia 31 de dezembro. “Tive uma missão ano passado que o próprio presidente do país me pediu para comandar o partido aqui no Estado, mesmo sem conhecimento político nenhum para assumir o PSL aqui, para fazer a campanha dele e eleger um deputado federal”, comentou.

Sobre a nova composição da executiva estadual, Rodolfo considerou um “ato antidemocrático”, o Coronel David e o deputado federal Luiz Ovando, não terem sido convidados para fazer parte da presidência. “Eles ajudaram muito na campanha e têm o mesmo peso que o Tio Trutis, eles deveriam estar na executiva”. Rodolfo negou ter ameaçado a senadora e se defendeu na Justiça das acusações. Ele diz que permanece no partido e que cumpre ordens.

A reportagem do Correio do Estado tentou contato com a senadora, mas ela está em viagem para China com retorno previsto para o dia 25. 

SUPOSTA AMEAÇA

Em plena campanha eleitoral, no dia 29 de agosto, a senadora eleita registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário Centro (Depac), em Campo Grande, contra suposta ameaça feita por Rodolfo, então presidente do partido. 

A confusão começou quando Soraya se incomodou por adversários políticos estarem usando a imagem de Bolsonaro em “santinhos” e panfletos de campanha. Ela reclamou com Rodolfo, que não teria feito nada a respeito. Dois dias depois, Soraya soube que o PSDB mandou confeccionar “centenas de milhares” de santinhos com os candidatos do PSL. Porém, no verso do material impresso, constavam os nomes dos então adversários do PSDB.

Ela teria reclamado de novo com o presidente, mas como ele não teria tomado atitude, a senadora eleita procurou a direção nacional do PSL. Sabendo disso, Rodolfo supostamente ligou para Soraya e a ameaçou diversas vezes. Segundo o boletim de ocorrência, as palavras usadas por ele, foram as seguintes: “Eu vou te avisar, nunca mais passe por cima de mim. Escute bem: na próxima que você passar por cima de mim, eu acabo com você. Você não sabe do que sou capaz. Eu vou acabar com você, eu vou arrebentar você”.

Por RENATA VOLPE HADDAD

Foto: Valdenir Rezende / Arquivo / Correio do Estado

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