Aliados de Bolsonaro temem depoimento 'explosivo' de Heleno e avaliam que general vai empurrar Abin Paralela para Ramagem
Ex-ministro de Bolsonaro foi chamado para explicar as suspeitas de uso ilegal de ferramenta para monitorar autoridades públicas.
O depoimento do general Augusto Heleno,ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no o governo Bolsonaro, sobre as supostas atividades ilegais de espionagem realizadas dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem repercutido entre pessoas próximas ao ex-presidente.
Aliados de Bolsonaro disseram ao blog que Heleno tem mandado recados de que não tinha ciência de tudo que o ex-chefe da agência Alexandre Ramagem fazia, pois ele despachava diretamente com Jair Bolsonaro, como o próprio Ramagem já admitiu.
Esses aliados temem um depoimento ''explosivo'' de Heleno à PF. A suspeita é de que, durante o governo anterior, a Abin tenha usado o software para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas como governadores e até integrantes do Supremo Tribunal Federal.
Depoimento sem data prevista
A assessoria da PF confirmou adiamento do depoimento do ex-chefe do GSI. Conforme o blog apurou, o pedido partiu do próprio Heleno.
A suspeita é de que, durante o governo Bolsonaro, a Abin tenha usado o software para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas como governadores e até integrantes do Supremo Tribunal Federal.
Em falas anteriores, o ex-ministro negou ter participação no uso do First Mile, principal ferramenta da chamada “Abin Paralela”. A agência oficial era subordinada à pasta que o general comandava.
No dia da operação da Polícia Federal contra Ramagem, Augusto Heleno disse ao blog que não havia motivos para a PF intimá-lo porque ele já tinha prestado esclarecimentos à CPMI dos atos golpistas.
Contudo, o blog consultou as notas taquigráficas das duas comissões e não há nenhuma declaração de Heleno sobre a Abin paralela.
Todos os indícios apontam que havia Abin paralela, diz novo nº2 da agência
Superior hierárquico
Ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos pelo blog acreditam que a montagem de uma 'Abin paralela' só teria viabilidade com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-chefe do GSI.
Alexandre Ramagem é próximo da família Bolsonaro. Ele entrou para a PF como delegado em 2005 e chefiou a equipe de segurança do ex-presidente na campanha eleitoral de 2018, depois do atentado a faca em Juiz de Fora (MG).
Ao blog, Ramagem disse no último dia 31 de janeiro que despachava diretamente com Bolsonaro e Heleno.
"Com Heleno, na maioria das vezes, mas às vezes sem Heleno", diz.
O ex-chefe da Abin tinha contato direto com Bolsonaro, além do contato quase que diário com Heleno: “Era meu superior hierárquico”.
Por Andréia Sadi, Fábio Santos - do G1