Advogado diz que 'não há ilicitude' em depósito de R$ 50 mil de pastor para esposa de Milton Ribeiro
Em entrevista à GloboNews, na manhã desta quinta-feira (23), Daniel Bialski afirma que valor é referente a venda de carro, por R$ 60 mil. Ex-ministro da Educação foi preso por suspeita de irregularidades na liberação de verbas, com favorecimento de pastores.
O advogado Daniel Bialski, que representa o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, confirmou o depósito de R$ 50 mil feito pelo pastor Arilton Moura para a conta da esposa de Ribeiro. Segundo o advogado, a transação foi registrada e é referente à venda de um carro, por R$ 60 mil.
"Não há qualquer tipo de irregularidade ou ilicitude nessa negociação", disse, em entrevista à GloboNews, nesta quinta-feira (23).
Ribeiro foi preso na quarta (22) e é investigado por participação em um suposto esquema de liberação de verbas da pasta, com lobby de pastores evangélicos. Ao todo, agentes da Polícia Federal cumpriram cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão (veja detalhes abaixo).
Apesar da menção ao negócio com o pastor, o próprio advogado afirma que ainda não teve acesso a todos os autos do processo, nem à motivação da prisão. Essa linha de defesa já tinha sido antecipada pela colunista do g1 Andréia Sadi e, segundo a jornalista, foi alinhada com aliados do governo federal.
Segundo o advogado, dos R$ 60 mil pela venda do carro, R$ 50 mil foram repassados na transferência e R$ 10 mil, de outra forma.
Segundo Bialski, o carro foi vendido pela esposa de Milton Ribeiro para uso da filha do pastor Arilton, em fevereiro deste ano. O advogado afirma que "o documento de transferência foi assinado e registrado junto aos órgãos de trânsito competentes".
Audiência de custódia
O ex-ministro passou a noite carceragem da Polícia Federal em São Paulo e, nesta quinta-feira, deve passar por audiência de custódia da Justiça Federal em Brasília por videoconferência. Segundo a Justiça Federal no Distrito Federal, a audiência está marcada para as 14h.
Além de Milton Ribeiro, devem ser ouvidos Helder Bartolomeu, Luciano de Freitas Musse, o pastor Gilmar Santos – que estão presos em Brasília – e, também por vídeoconferência, o pastor Arilton Moura, que está preso no Pará.
Apesar da determinação da 15ª Vara Federal para a imediata transferência do ex-ministro para a capital federal, a PF argumentou que não tinha logística pra fazer isso na quarta nem quinta-feira a tempo de Milton chegar no horário marcado para a audiência.
Na noite desta quarta-feira, a defesa de Milton Ribeiro apresentou um habeas corpus Tribunal Regional Federal da 1ª Região para tentar tirar o ministro da prisão. Mas, ainda não há previsão de quando o pedido será avaliado.
Investigação da PF
O ex-ministro Milton Ribeiro foi preso, na manhã desta quarta-feira, no prédio em que mora, em Santos (SP). Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC.
O inquérito contra Ribeiro foi aberto após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar, em março, a existência de um "gabinete paralelo" dentro do MEC controlado pelos pastores.
Dias depois, o jornal "Folha de S.Paulo" divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", disse o ministro no áudio.
"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", complementou Ribeiro.
Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação. Em depoimento à PF no final de março, o ex-ministro confirmou que recebeu o pastor Gilmar à pedido o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ele negou que tenha ocorrido qualquer tipo favorecimento.
Registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam dezenas de acessos dos dois pastores a gabinetes do Palácio do Planalto.
Questionado sobre a prisão do ex-ministro pela PF, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Ribeiro é quem deve responder por eventuais irregularidades à frente do MEC.
"Ele responde pelos atos dele", afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia. O presidente disse ainda que "se a PF prendeu, tem motivo."
No entanto, na época em que as denúncias foram feitas, Bolsonaro chegou a dizer, em um vídeo (assista acima), que botava "a cara no fogo" por Ribeiro e que as denúncias contra o ex-ministro eram "covardia".Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.
Por g1 DF e GloboNews