Ação aponta elo de Delcídio com "fortuna" bloqueada em paraíso fiscal

06/06/2024 04h56 - Atualizado há 5 mêses

O ex-senador de MS é citado na ação que pede a renovação do bloqueio de quase 400 mil dólares depositados em banco de Liechtenstein

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O dinheiro está depositado em nome de um ex-diretor da Petrobras, mas por conta da citação de Delcídio, o promotor eleitoral de MS pediu a manutenção do bloqueio

Um Procedimento Administrativo publicado no diário oficial do Ministério Público Estadual (MPE) desta terça-feira (4) releva que o ex-senador Delcídio do Amaral aparece em uma ação judicial que pede a prorrogação do bloqueio de US$ 393.994,15 depositados em uma conta bancária no pequeno país europeu de Liechtenstein.

Pela cotação atual, o valor que está bloqueado ultrapassa os R$ 2 milhões e está depositado em nome da offshore Barrios Advisors Corporation, cujo beneficiário principal é o engenheiro Cezar de Souza Tavares.

E, de acordo com as investigações da operação Lava Jato, o recurso seria procedente da propina de 15 milhões de dólares que altos funcionários e políticos teriam recebido pela compra e venda da refinaria de Pasadena.

Esta refinaria foi comprada em 2006 pela Petrobrás, quando Delcídio era senador, por um valor total de 1,2 bilhão de dólares e anos depois foi vendida por 467 milhões de dólares, gerando prejuízo à estatal brasileira e levantando suspeita de que ocorrera corrupção no negócio.

Na ação penal que tramita na Justiça, o nome de Delcídio do Amaral aparece como um dos réus e por conta disso as autoridades do judiciário federal no Paraná solicitaram ao promotor eleitoral de Mato Grosso do Sul, Estéfano Rocha Rodrigues, para que ele se manifestasse sobre a necessidade ou não de manutenção do bloqueio desta “pequena fortuna”.

PRESTES A SER LIBERADO

Caso não haja pedido formal para que as autoridades de Liechtenstein mantenham o bloqueio, o dinheiro pode ser sacado a partir do dia 4 de outubro de 2024. O responsável pela conta, conforme investigações da Lava Jato, é Cezar de Souza Tavares, que à época era um dos diretores da Petrobras e participou das negociações da refinaria do Texas.

Porém, o promotor eleitoral do MPE de Mato Grosso do Sul já deixou claro, no Procedimento Administrativo publicado nesta terça-feira (4) que é contrário à liberação, uma vez que existe a possibilidade de o dinheiro ser devolvido à Petrobras ou ser revertido para alguma entidade pública brasileira.

O caso foi remetido à Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul porque existia a suspeita de que dinheiro supostamente procedente de propina tivesse sido utilizado nas campanhas eleitorais de Delcídio do Amaral. A Justiça eleitoral de Mato Grosso do Sul, porém, arquivou o caso.

NERI KASPARY

CORREIO DO ESTADO