Voluntários da CoronaVac defendem SUS e criticam falha do Governo em buscar recursos para combater a doença
Hospital Universitário inicia hoje a aplicação da 2ª dose da vacina contra a Covid-19
Brenda Machado
Começou, nesta segunda-feira (09), a aplicação da segunda dose da CoronaVac em voluntários de Mato Grosso do Sul.
Duas semanas após o início dos testes da vacina, o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) já testou 90 pessoas.
Todos os participantes dos testes são profissionais da área da Saúde que, mesmo sem ter certeza da eficácia do produto, preferiram arriscar.
"Nunca cogitei ser voluntária, mas nesse caso me sinto na obrigação como cidadã e profissional em uma instituição de ensino e pesquisa, sem contar no fato que vi muitos pacientes sofrerem com esse vírus. Isso me motivou.", contou Andréa Salles, enfermeira da Humap.
A servidora, que tem 45 anos, trabalha no centro de terapia intensiva (CTI) da Covid-19 e foi a primeira pessoa a ser vacinada.
Segundo ela, saber que a farmacêutica tem parceria com o Brasil é um dos motivos tranquilizadores, mesmo com os comentários pessimistas sobre vacina chinesa.
"Sou uma fã do SUS e o programa de imunização nacional é um dos melhores, nós até vendemos para outros países. Sempre vacinei minhas filhas e meus familiares e sou super a favor da imunização. Pena que o atual presidente não invista em pesquisa no Brasil.", completou a servidora.
Assim como ela, outra profissional de saúde que também teve interesse em participar dos testes, lamenta a falta de incentivo político para as boas decisões em torno da doença.
Ythala Araújo tem 28 anos, mas afirmou já entender a importância da vacina e que, mesmo em fase experimental, a seriedade dos pesquisadores envolvidos tem de ser levada em conta.
"Acredito que a vacina seja a única forma a princípio de combater a doença. É preciso investir mais na ciência, pesquisa, saúde e no SUS, nos profissionais de saúde pois são eles que estão lutando realmente contra essa doença.", destacou.
A enfermeira conviveu com a realidade da doença tralhando no antigo polo de atendimento a Covid-19, montado no Parque Airton Senna.
Para ela, a eficácia da vacina será comprovada por meio de pesquisas, mas enquanto isso o Governo deveria se ater a outras saídas.
"A questão política atrapalha muitas vezes o olhar das pessoas sobre a transmissão e etc. Poderiam estar sendo desenvolvidas políticas públicas referentes a Covid-19.", finalizou.
O Hospital informou que todos os profissionais inscritos até agora são de Campo Grande, mas que não se sabe se virão pessoas de cidades do interior.
Testagem
Durante todo o período de testes, os funcionários receberão duas doses de uma vacina inativada, com o vírus morto.
A aplicação das primeiras doses começou no dia 26 de outubro e, cumprindo o intervalo de duas semanas, nesta segunda-feira (09) começa a aplicação das segundas doses.
Para garantir o bom desenvolvimento, as pessoas vacinadas serão acompanhadas por um ano para acompanhamento da segurança e eficácia da vacina.
A vacina chinesa é da farmacêutica Sinovac Biotech e está sendo desenvolvida e testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan.
Os testes foram autorizados apenas para profissionais da área da Saúde, e que convivam em ambientes com risco de contaminação da doença.
A previsão é de que a vacinação dure cerca de dois meses. Neste tempo, as equipes pretendem testar de 800 a 1.000 pessoas.
Ainda segundo o Hospital, assim como em outros casos, metade dos voluntários recebem a CoronaVac e a outra metade placebo, num sistema randomizado (aleatório) de vacinação.
Nem o aplicador e nem o voluntário sabem o que cada um está recebendo.
Os interessados em se voluntariar devem fazer o agendamento pelo email [email protected] ou pelo whatsapp (67) 99269-3345.