Vereador de MS pediu busca sigilosa sobre golpe da gostosa, diz polícia

22/10/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

A pedido de um vereador de Campo Grande, a polícia não instaurou inquérito para investigar o crime que ficou nacionalmente conhecido como o golpe da gostosa. Ao G1, o delegado responsável pelas investigações disse que o homem pediu uma investigação sigilosa e que não comprometesse a sua conduta como político. Ao todo, foram 21 dias de apuração no caso, o que incluiu troca de mensagens com a golpista pelas redes sociais e pelo WhatsApp.

Nós não instauramos inquérito a pedido do político. Ele pediu apenas para confirmar a identidade da mulher e, assim que confirmei o perfil fake, disse a ele que poderia ser instaurado um procedimento por estelionato e falsa identidade. No entanto, ele falou que, em hipótese nenhuma, a sua identidade poderia ser revelada e me pediu sigilo absoluto. E é até por respeito a ele, que não estou me identificando para não prejudicá-lo, afirmou o delegado.

Conforme o delegado, foi a golpista quem enviou um convite para o político, em seu perfil no Facebook. Ele possui cerca de 5 mil amigos e a adicionou como se fosse mais uma pessoa que o conhecia.

No entanto, de acordo com o delegado, ambos iniciaram uma conversa. Eles mantiveram contato por uma semana e, antes do político fazer um depósito de R$ 2 mil a ela, o que equivale a uma passagem [aérea] do Rio de Janeiro para Campo Grande, ele pediu a identidade da mulher e uma investigação informal, ressaltou o delegado.

De loira a morena

Segundo a polícia, um dia após a matéria veiculada pelo G1, a mulher suspeita de se passar por médica excluiu o seu perfil na internet. Da loira Naielly Rosa, a polícia acredita que ela esteja agora se passando por morena, com o nome de Lisiele Oliveira.

Durante a apuração, três investigadores se envolveram no caso e um deles trocou diversas mensagens pelo WhatsApp. Da mesma maneira, a suspeita alega que é médica, recém-formada, possui filhos e sofre perseguição do marido. A partir daí, ela pede dinheiro para a passagem de avião, com a intenção de fugir da suposta obsessão do companheiro, conforme explicou o delegado.

Na última sexta-feira (16), o policial conta que enviou a ela o link da reportagem e questionou o fato dela utilizar fotos de artistas, como a ex-modelo Andressa Urach e uma musa fitness do Rio de Janeiro. Ela fez uma última atualização em seu perfil, colocando imagens da modelo Janaina Santucci. Foi aí que falei da reportagem e fiz algumas perguntas. Em seguida, ela excluiu a conta e as conversas foram realizadas apenas pelo WhatsApp, disse ao G1 o delegado.

Entenda o caso

A Polícia Civil de Campo Grande passou a investigar a farsa após um político da cidade denunciar uma pessoa com quem ele estava trocando mensagens, tanto pelas redes sociais como o WhatsApp.

Ela ou ele sempre age da mesma maneira. Existe um perfil na internet, com fotos de mulheres deslumbrantes. Os homens então adicionam e ela fala que seria melhor conversar pelo WhatsApp. Quando elogiada, a mulher diz que é médica, recém separada e que possui um filho. Inclusive existem diversas fotos de supostos atendimentos médicos em seu perfil, afirmou o delegado.

Quando a conversa começa a ter um tom mais íntimo, a golpista envia fotos de mulheres deslumbrantes. Nós investigamos a fundo e descobrimos que duas das imagens pertencem a uma musa fitness do Rio de Janeiro e a outra seria da ex-modelo Andressa Urach. Ela apenas faz o corte do rosto algumas vezes. A partir daí, ela fala que é perseguida pelo marido e pede dinheiro para comprar uma passagem de avião e ir ao encontro da vítima, comentou o delegado.

Assim que confirmado o depósito, ela some por um período e busca novas vítimas. Ainda não é possível verificar ao certo o número de vítimas. Mas fica um alerta para as pessoas desconfiarem deste tipo de conduta, finalizou o delegado.

Fonte: G1