Tráfico em Santa Catarina era comandado de presídio de Mato Grosso do Sul

29/10/2020 08h42 - Atualizado há 4 anos

Detento de penitenciária de Naviraí articulava assaltos violentos em Santa Catarina e trocava os bens roubados por drogas

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Divulgação

Rodrigo Almeida

Engrenagem do crime comandada por um detento da penitenciária federal de Naviraí foi alvo da ação conjunta entre as polícias civis de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul na manhã de terça-feira (27).

Apesar de agir em Santa Catarina, a quadrilha expandiu os acordos comerciais para aquisição de drogas por meio da ação do principal chefe. Com a prisão em Naviraí, o detento, que não teve o nome revelado pelas autoridades policiais, passou a organizar a troca de bens roubados por droga pura.

Cláudio Monteiro, delegado responsável pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais de Santa Catarina (Deic-SC) e por conduzir as investigações, disse ao Correio do Estado que os presos agiam conforme o famoso toma lá, dá cá. “Eles assaltavam pessoas violentamente em Florianópolis, levavam os carros até Mato Grosso do Sul e trocavam pelo equivalente em drogas. Com os entorpecentes em mãos, os traficantes distribuíam a droga na zona de ação”, explica o condutor da investigação.

De acordo com o delegado da Polícia Civil de Iguatemi, Felipe Candido Rosseto, braço sul-mato-grossense da investigação, “a quadrilha vinha com dois carros: um era usado para a troca de bens e o outro para a viagem de retorno. Essas pessoas que viviam em MS eram membros do PGC e serviam como base no Estado. Eram todos uma família”, ressalta. Por PGC, o delegado se refere ao Primeiro Grupo Catarinense, organização criminosa que comanda o tráfico de drogas naquele estado. “O PGC é o equivalente ao PCC [Primeiro Comando da Capital], eles dominam Santa Catarina e são responsáveis pela não entrada do PCC por lá”, elucida.

Sobre a família, a relação era de sangue mesmo. “No Estado, foram cinco alvos conduzidos. Todos com pedido de prisão preventiva. A mãe, um filho, a esposa dele, um primo e um colega. Esse último era o único que não era parente”, enumera Rosseto.

Segundo a nota divulgada pela Polícia Civil de Santa Catarina, foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão e mais 20 de prisão preventiva. Ao todo, foram 50 ordens judiciais cumpridas. Em Mato Grosso do Sul, além das cinco prisões preventivas, também foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão. “Conseguimos cumprir todas as ordens”, ressalta o delegado de Iguatemi. PANDEMIA

Cláudio Monteiro revelou que houve algumas dificuldades no meio caminho. “A investigação estava sendo realizada desde 2019 e, por causa da pandemia de coronavírus, muitos dos conduzidos conseguiram mudar de residência e atrapalharam um pouco a ação. Mas dos 20 mandados de prisão temporária foi possível conduzir 19 pessoas”, informa.

Os alvos no Estado foram um dos que mudaram de endereço e prejudicaram os trabalhos. “Essas pessoas têm uma alta mobilidade. Por isso começamos a investigação aqui em Iguatemi, porque eles moravam por aqui. Depois tivemos de monitorá-los em Mundo Novo e Naviraí, cidades onde foram cumpridas as ordens de judiciais”, destrincha o delegado Felipe Rosseto.

Para unir a operação de roubo ou furto e distribuição de drogas com a receptação e aquisição de entorpecentes, o detento do presídio de Naviraí era a chave principal do esquema. “Quem articulava isso tudo era o detento em Naviraí”, afirma Rosseto.

Na Operação Sistema, os cinco alvos em Mato Grosso do Sul serão processados por tráfico de drogas, associação criminosa para o tráfico de drogas e formação de quadrilha. 

CORREIO DO ESTADO