Tentação nas ruas é opção para má conduta de guardas, diz prefeito

02/08/2019 00h00 - Atualizado há 5 anos
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Divulgação

O prefeito de Campo Grande Marcos Trad (PSD) disse durante lançamento do código de ética dos servidores nesta sexta-feira (2) que os guardas municipais que estão nas ruas são tentados a exercer má conduta durante o trabalho. Falando sobre conduta, o gestor ainda fez uma comparação aos policiais rodoviários federais presos por facilitarem contrabando de cigarros em operação denominada ‘Trunck” deflagrada pela Polícia Federal nesta semana. 

Segundo Trad, a guarda está muito próxima de uma linha muito tênue entre a licitude e a ilicitude. “São agentes que compõem funções de maiores tentações e maiores riscos, por exemplo o Guarda Rodoviário Federal pode ser tentado ao  flagrar um caminhão de carga de contrabando ou descaminho com ofertas para fechar os olhos sobre aquela carga. É muito difícil aquele funcionário está na sala de um escritório receber uma oferta como essa. Por isso os guardas que estão a campo no contato diário eles são mais tentados nessa situação”, comentou o prefeito. 

DEMISSÕES

Ontem, o Diário Oficial do Município trouxe a demissão de seis outros servidores da GCM, inicialmente por abandono de cargo. Receberam a pena Fabiano Muniz de Andrade Lima, Rosalino Nielsen Victor, Juscelino Rosa  de Arruda, Márcio Vargas Veiga, Christoffer Costa de Oliveira e Anderson da Costa Alves.

Sobre as exonerações envolvendo servidores da segurança, o prefeito disse que nunca houve tantas demissões em serviço público durante a sua gestão. “Só ontem eu creio ter assinado mais oito que estão em andamento, são condutas reprováveis, muitos da guarda e de outros setores também, são como muitas pessoas falam, que estou sendo duro, mas quem provocou isso não fui eu, quem fez o ato não fui eu, eu não incentivei ninguém cometer isso, eu tenho que ser justo na cidade”, finalizou. 

GUARDAS ENVOLVIDOS

Um integrante da Guarda Municipal, Marcelo Rios, está preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), após ter sido flagrado com um arsenal, em maio deste ano, no Bairro Monte Líbano, em Campo Grande. A partir desse fato, surgiram suspeitas da existência de uma verdadeira milícia, formada por guardas a serviço de crimes de pistolagem, na Capital. 

Na quarta-feira, dois outros guardas, Rafael Antunes Vieira e Robert Vitor Kopetski, voltaram à prisão, por ordem do Tribunal de Justiça. Eles são acusados de ameaçar uma testemunha no inquérito que investiga a origem do arsenal apreendido. Esta testemunha seria a mulher de Rios. Um terceiro indivíduo, Flávio Narciso Morais da Silva, que seria motorista de aplicativo, também voltou à prisão por envolvimento no mesmo episódio.

Conforme nota divulgada no fim da tarde de ontem, pela Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social (Sesdes) do município, todos eles já respondem a processo administrativo, que pode culminar com a demissão.

PISTOLAGEM

Em outro caso, José Moreira  Freires, hoje ex-guarda municipal, está condenado a 18 anos de prisão desde o dia 15 de agosto do ano passado – e aguarda tramitação de recurso –, pelo assassinato do delegado aposentado da Polícia Civil Paulo Araújo Magalhães. No dia 25 de junho de 2013, por volta das 17h30min, na Rua Alagoas, o então guarda municipal José Moreira Freires, na garupa de uma motocicleta conduzida por Rafael Leonardo dos Santos, atirou várias vezes com uma pistola 9 mm contra o delegado aposentado e advogado criminalista Paulo Magalhães de Araújo, que morreu no local. A vítima estava dentro do carro, um Land Rover, aguardando a filha sair da escola.

Segundo a Sesdes, Freires encontra-se aposentado, por ter permanecido dois anos de licença médica, porém, respondeu à sindicância, que concluiu pela abertura de processo administrativo, em andamento.

Por BRUNA AQUINO

Foto: Arquivo/Correio do Estado

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