TAXA NO MS: A BCG vacinou 49,08% neste ano, enquanto em 2019 o índice de imunização foi de 113,54%
Pandemia e desinformação fazem taxa de vacinação infantil cair em todo Estado
Gabrielle Tavares
A taxa de vacinação diminuiu em Mato Grosso do Sul. De acordo com dados do Ministério da Saúde, as nove vacinas que são aplicadas em crianças de 0 a 2 anos, ainda não alcançaram as metas traçadas para este ano.
A vacina BCG, responsável pela proteção de crianças contra as formas mais graves da tuberculose, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar, possui taxa de vacinação de 49,08% neste ano. Enquanto em 2019 o índice de imunização foi de 113,54%. O Programa Nacional de Imunização prevê como índice ideal 90% de cobertura vacinal.
Já a Hepatite B, que previne a infecção do fígado em crianças menores de 1 ano, o índice se manteve abaixo dos 95% previsto. Ano passado o índice de imunização foi 85,19%, mas nos primeiros nove meses de 2020 registram 62,36%.
Rotavírus, que protege os bebês das doenças diarreicas agudas (DDA), ultrapassou no ano passo o índice de 90%, fechando em 94,12% de cobertura. Neste ano, até o momento o índice está em 65,78%.
Em crianças menores de 2 anos, a vacina tríplice viral, que combate o sarampo, caxumba e a rubéola, fechou 2019 com 104,53%, acima do recomendado que é 95%. Neste ano, o percentual está em 62,10%.
A Hepatite A, que afeta o fígado por via oral-fecal, causando infecção aguda, registrou 93,74% de cobertura. Neste ano, apenas 58,39% do público-alvo foi vacinado.
Os demais dados ainda apontam: pentavalente com índice de 85,15% em 2019 e 62,36% em 2020; pneumocócica em 2019 com 97,44% caiu para 68,03% de imunização; meningocócica C, no ano passado atingiu índice de cobertura de 96,54%, neste ano registra até agora 65,07%; poliomielite chegou perto do previsto, com 93,77%, e até agora alcançou o índice de 61,63%; e a febre amarela de 88,27% em 2019 está com 52,19% neste ano.
Causas
A resistência dos pais na vacinação dos filhos pode ter duas razões, o receio à pandemia do coronavírus e o crescimento do movimento intitulado anti vacina no Brasil.
Em todo o Estado, a covid-19 alterou a rotina de trabalho de todas as áreas e principalmente da saúde. A Gerente Técnica de Imunização, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Ana Paula Rezende de Oliveira Goldfinger afirma que isso dificulta o desenvolvimento das atividades de vigilância, já que as crianças estão em casa temporariamente.
"Outro fator preponderante é a insegurança da população em procurar unidades de saúde, tendo em vista que em alguns municípios, por necessidade, as unidades de saúde estão apenas com atendimento a pacientes com suspeita ou confirmação para Covid-19”.
As campanhas contra as vacinas, que ganharam força nos últimos anos, podem provocar novos surtos de doenças que já estavam controladas. Por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o número de casos de sarampo aumentou em 300% nos primeiros meses de 2019.
O doutor e pós-doutor em medicina tropical, Vitor Laerte Pinto Junior, defendeu em seu artigo “Anti-vacinação, um movimento com várias faces e consequências”, que os avanços na saúde pública, obtidos com a vacinação, estão ameaçados com a crescente diminuição dessa cobertura.
“Como consequência da diminuição do uso de vacinas e a constante ameaça de processos sofridos pela indústria, pode haver colapso do sistema de fabricação e comercialização de imunobiológicos. É bem possível que a demanda por esses produtos seja maior que a sua produção em pouco tempo, causando quebras de estoque e aumento do preço, obviamente prejudicando aos países mais pobres”, pontuou.
A gerente da SES disse que as vacinas imunobiológicos de rotina e especiais continuam sendo disponibilizadas normalmente nas Unidades Básicas de Saúde, Hospitais, Maternidades e no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie).
“Reforça-se a importância da manutenção de um esquema vacinal completo, seguindo o preconizado no Calendário Nacional de Vacinação, e ressaltamos que o sucesso dessa estratégia depende do envolvimento e da participação de todos. Vacinar é um ato de amor e proteção”.
CORREIO DO ESTADO