Sem leitos, pacientes graves são atendidos na emergência
Maior hospital de MS, Santa Casa entrou em colapso e não tem mais vagas em UTIs
Daiany Albuquerque, Nyelder Rodrigues
O maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande anunciou que já não tem mais vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Por conta disso, alguns pacientes graves estão sendo atendidos, de forma improvisada, na ala vermelha do hospital, a emergência. A unidade entrou em colapso e no momento tem fila de pacientes esperando um leito no setor. Das 90 vagas (sendo 10 para pacientes da Covid-19), todas estão ocupadas.
Em coletiva de imprensa realizada pelo hospital, na tarde desta segunda-feira (27), o superintendente da gestão médica hospitalar da unidade, Luiz Kanamura explicou que a permanência dessas pessoas na ala vermelha aumenta o risco de infecção. “Ela (pessoa) estará totalmente exposta a infecções porque ficara na emergência”.
O colapso ocorreu porque o hospital tem recebido todos os pacientes que não são da Covid-19, já que a referência para o tratamento da doença ficou com o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. Com isso, houve aumento na demanda da unidade maior do que o local conseguiria suprir.
Levantamento do centro médico mostra que, em comparação com julho do ano passado, houve um aumento de 115 pacientes encaminhados pela regulação. Foram 219 pessoas que entraram no hospital, sendo que 88 são vítimas de traumas, além de 10 pacientes com Covid-19 que estão ocupando todos os leitos reservados a eles. Há também outros 6 em enfermaria e outros 2 via convênio, totalizando 18. Ao todo, há 582 pacientes no hospital atualmente.
Ontem, 11 pacientes que deveriam estar em UTIs, eram tratados na ala vermelha, sendo que 6 estavam com ventiladores para auxiliar na oxigenação e 5 no ambu, o que não garantia a oxigenação necessária. Hoje, apenas 1 continuava na ala vermelha, mas, para conseguir reduzir esse número, o médico afirmou que foi preciso dar altas precoces.
Segundo o superintendente, ainda que não é possível ampliar leitos de UTI por questão de falta de recursos físicos (como equipamentos, etc) e humanos (já que não tem equipe para isso).
“A solução para essa situação é não precisar de leitos. E se ficar doente, torcer para não agravar”, declarou Kanamura. A maioria desses pacientes no hospital são politraumatizados, o que inclui vítimas de agressões, esfaqueamentos, acidente de trânsito, acidente de trabalho, entre outros.
Tanto a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) quanto a Secretaria de Estado de Saúde (SES) já estão cientes da situação do hospital e trabalham em conjunto com a unidade, que frisa que apesar da crise não vai deixar de receber pacientes.
Kanamura ainda fez um apelo à população para que as pessoas cuidem mais da saúde, respeitem as orientações da secretaria estadual, evite trânsito pesado, consumo excessivo de álcool e que redobrem a atenção. “Se agora chegar alguém com queimaduras, não tem UTI para essa pessoa”.
COVID-19
Em Campo Grande, segundo a prefeitura, a taxa de ocupação de leitos de UTI, tanto do Sistema Único de Saúde (SUS) como na rede privada, está em 84%, das 264 vagas, 241 estavam ocupadas no início da tarde e apenas 43 estavam vazias.
A cidade vive uma crescente de casos da Covid-19, dados da SES mostram que a Capital tem 8.579 episódios da doença e 104 mortes, sendo que 9 foram confirmadas nas últimas 24 horas.
No Regional, referência para o tratamento da doença na região, dos 91 leitos críticos (UTI e semi-intensivo) apenas 4 vagas restavam ontem. O local tinha 78 pacientes com o novo coronavírus em UTIs e 61 na enfermaria.
CORREIO DO ESTADO