Samu aluga aparelhos por valor 3 vezes maior que o de aquisição

31/03/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande vai pagar R$ 2.153.400 para a empresa HBR Medical Equipamentos Hospitalares para alugar, durante um ano, seis ultrassons portáteis e dez conjuntos portáteis de eletrocardiogramas. O edital foi publicado no Diário Oficial do Município e serve para atender o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Capital. Amanhã será realizada a cerimônia de lançamento dessas novas tecnologias, que conforme um levantamento feito pelo Correio do Estadocom várias empresas do mesmo segmento, estão acima do valor de mercado. E mesmo se o município escolhesse comprar os aparelhos ao preço que está sendo locado, poderia adquirir três vezes a mesma quantidade de equipamentos (que custa pouco mais de R$ 700 mil, conforme preço de tabela).

Conforme edital publicado no dia 25 de fevereiro, o eletrocardiograma alugado é o PhysioGlove, que tem tecnologia israelense. Trata-se de uma luva digital capaz de fazer o exame cardíaco, enviar para um sistema onde está um especialista, que emite o laudo médico em quatro minutos. Para oferecer os dez aparelhos à disposição do município, a HBR Medical vai receber R$ 64 mil por mês, ou seja, R$ 6,4 mil por unidade. Em relação ao ultrassom que está no contrato do edital, a HBR Medical irá alugar seis unidades do Sonasite M-Turbo por cerca de  R$ 115 mil por mês. O aparelho tem tecnologia para detectar fraturas em qualquer parte do corpo, é leve e resistente, podendo enfrentar situações de emergência adversas.

A reportagem apurou que este eletrocardiograma é o mesmo aparelho utilizado pela prefeitura de São José dos Campos, interior de São Paulo. Lá, o equipamento foi comprado por R$ 3 mil, em 2013, e, até hoje está funcionando. Segundo a assessoria de imprensa da secretaria de saúde daquela cidade, é necessário apenas uma única luva para atender todo o município, que tem 533.501 habitantes. Ainda assim o equipamento portátil só é usado em casos específicos, quando há uma ocorrência em um local de difícil acesso. Os laudos são emitidos gratuitamente, por meio de uma parceria com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que deixa um cardiologista à disposição da cidade para prestar o serviço.

(*) A reportagem, de Gabriela Couto, está na edição de hoje do Jornal Correio do Estado.