RIO ANHANDUÍ: Composto químico pode ter provocado a morte de peixes

27/11/2019 00h00 - Atualizado há 5 anos
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Divulgação

O despejo em grande quantidade de composto químico ainda não identificado no Rio Anhanduí, em Campo Grande, é a principal suspeita de ter provocado a morte de grande quantidade de peixes. Os animais apareceram mortos entre a tarde de segunda-feira e a manhã de ontem.

Especialista ouvida pela reportagem do Correio do Estado, aponta que, provavelmente, um composto químico despejado irregularmente no rio possa ter provocado a morte dos peixes. “A causa mais provável é a de que tenha havido um despejo ilegal de composto químico”, avaliou a professora doutora em piscicultura Milena Wolf.

Ela afirma que apenas dois motivos causariam a morte de peixes no local: o despejo de algum produto químico em grande escala ou o processo de eutrofização (quando grande quantidade de matéria orgânica é depositada na água e há a multiplicação de algas, que consomem o oxigênio durante a noite e causam a diminuição de seu teor na água). “Na eutrofização, a água fica esverdeada, porém, é um processo que ocorre lentamente. Dificilmente apareceriam peixes mortos de um dia para o outro, ainda mais na quantidade que foi”, avaliou a zootecnista, que trabalha na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Segundo ela, um grupo de alunos esteve ontem no local para coletar amostra de água e um dos peixes mortos, para serem avaliados no laboratório da universidade.

“Pode ser também um composto que tenha diminuído a quantidade de oxigênio na água e causou a morte”, explicou. Os acadêmicos também mediram a quantidade de oxigênio na água para saber se houve redução e se isto estaria causando as mortes.

Imagens feitas pelo Correio do Estado mostram uma mancha na água, que se assemelha a produtos químicos. “Não é normal a água estar assim”, afirmou a professora sobre as imagens.

COMEÇO

Os peixes mortos começaram a ser percebidos pela população que mora às margens do rio no início da tarde de segunda-feira e o fenômeno se estendeu pela manhã de ontem. Os animais podem ser vistos a partir do bairro Taquarussu até, pelo menos, o bairro Coophavilla II, em uma extensão de 7 km ao longo da Avenida Ernesto Geisel, onde está localizado o rio.

De acordo com moradores, por volta das 12h de segunda-feira muitas pessoas começaram a sentir um forte odor vindo do Rio Anhanduí. Ao verificar o que ocorria, as pessoas perceberam que a água estava turva e que muitos peixes estavam morrendo.

“Eu vim 7h aqui, como faço sempre, e a água estava limpa e os peixes vivos. Depois, por volta das 12h, comecei a sentir um cheiro muito forte dentro de casa e, quando fui ver, os peixes estavam se debatendo”, contou o aposentado Egídio Soares dos Santos, 55 anos, que há 20 anos mora em frente ao rio e afirma nunca ter presenciado situação semelhante.

“A água estava leitosa e o cheiro era tão forte que ardia na garganta. Até o volume da água aumentou: isso tudo começou por volta das 12h. Devem ter despejado algo na água”, acredita Marcos Pereira, 58 anos, que possui uma oficina mecânica defronte ao Anhanduí. 

Enquanto a reportagem esteve no local, foi possível perceber uma grande quantidade de peixes mortos acumulada entre a Rua Bom Sucesso e a Rua do Aquário, no Bairro Marcos Roberto. “É uma judiação isso acontecer”, lamentou Egídio.

A Polícia Militar Ambiental (PMA) esteve no local para fazer imagens da situação. Como a PM não faz investigações, as fotos seriam enviadas para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).

INVESTIGAÇÃO

A prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), responsável pelo monitoramento da qualidade da água, foi notificada e investigaria a situação. Já sobre a morte dos peixes, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) enviou técnicos para a coleta e análise. “Os resultados serão remetidos para a Semadur, que deverá tomar as devidas providências”. 

Por DAIANY ALBUQUERQUE

Foto Bruno Henrique

CORREIO DO ESTADO