Reviravolta: Testemunha confessa homicídio 8 anos depois e livra réu em julgamento
Testemunha protocolou declaração confessando crime, mas não compareceu em julgamento
O juiz adiou o julgamento de Fábio da Silva, conhecido como ‘Borracha’, suspeito de matar a tiros Isaías Vicente Ferreira, de 51 anos, em abril de 2016. O julgamento aconteceria nesta terça-feira (27), em Campo Grande.
Isaías morreu após ter um desentendimento e o autor atirar contra ele na Rua Coata, no Jardim Montevidéu. Nesta terça, uma testemunha não compareceu ao julgamento.
Essa testemunha, Elder Silva Rodrigues, teria dado uma declaração em que confessa o crime. Com isso, o Ministério Público pediu o adiamento da sessão, para que todos os fatos sejam esclarecidos.
O juiz então deferiu o requerimento e dispensou os jurados.
Assumiu o crime
Na declaração protocolada na sexta-feira (23), Elder afirma que foi ele quem efetuou três tiros contra Isaías. Ainda revela que não conhecia a vítima pessoalmente, mas sabia que Isaías era ex-marido da esposa dele.
Elder também afirmou que não tinha vínculo com Isaías, mas cuidava do filho que a vítima teve com a ex-mulher.
No dia do crime, segundo relatado na declaração, Isaías foi buscar o filho na creche para entregar para a mulher e no portão da casa foi atendido pela irmã de Elder.
“Ouvi de dentro de minha casa que Isaías estava alterado e em seguida sai no portão e confirmei seu visível estado de embriaguez”, disse.
Neste momento, a vítima teria passado a xingar e ameaçar com um facão, sendo interceptada pela esposa e irmã de Elder.
Após ser ameaçado, temendo pela vida, pegou a arma emprestada com um amigo, foi até a casa de Isaías, mas não o encontrou e voltou para casa.
No caminho, Elder viu Isaías brigando com Fábio (atual réu) e a mãe, discutindo em voz alta. “Parei a motocicleta na frente e o chamei para conversar. Isaías saiu da casa do Fábio com um facão na mão. Alertei que estava armado e mandei ele colocar o facão no chão, mas ele não obedeceu”, alegou.
Ainda conforme Elder, ele viu que a vítima foi para cima dele e atirou, fugindo para casa em seguida.
Por fim, relatou que não conhecia Fábio, mas depois soube que ele estava sendo processado pelo homicídio e por isso resolveu relatar a verdade.
Denúncia
Na denúncia do MP consta que o crime teria sido cometido por Fábio, por ciúmes, porque a vítima abrigava a prima do autor em sua residência. Fábio e a prima já haviam convivido juntos.
Naquele dia, ainda conforme o Ministério Público, Isaías levou o filho adotivo na casa da mãe da criança e, ao retornar, foi abordado por Fábio em uma motocicleta, que em seguida atirou. Momentos antes, o autor já havia efetuado disparos de arma de fogo na frente da casa da vítima, como alerta.
Logo após o crime, Fábio teria fugido na motocicleta com um indivíduo não identificado. Equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ainda socorreu Isaías, mas ele morreu no hospital.
Mirian Machado
MIDIAMAX