Produtores voltaram para fazendas e clima ainda é de tensão depois de morte
Depois do confronto que terminou na morte do indígena Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, o clima continua tenso em cinco fazendas de Antônio João, distante 402 quilômetros da Capital. Os proprietários de pelo menos duas fazendas conseguiram voltar para as sedes das propriedades, mas os índios continuam nas terras, que agora conta com segurança da Força Nacional e do Exército.
As circunstâncias da morte de Semião ainda não foram esclarecidas, mas segundo o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e a Polícia Civil confirmaram que o indígena foi morto com um tiro na cabeça. Ele bebia água perto de um córrego, na Fazenda Barra, quando foi atingido.
Proprietários rurais, que negam que estavam armados durante o confronto, chegaram a afirmar que o corpo de Semião já estava na fazenda antes da reocupação liderada pelos ruralistas, no entanto, a informação é contestada pelo DOF.
Segundo o sargente Arguelho, da comunicação do DOF, o índio foi morto durante o confronto. “Esse índio pode ter sido morto pelos fazendeiros ou pelos próprios índios”, disse.
O corpo de Semião foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. O caso continua sendo investigado.
Além de Semião, pelo menos mais 10 indígenas se feriram durante o confronto. Muitos deles, inclusive crianças e mulheres, estão com ferimentos de bala de borracha pelo corpo.
OCUPAÇÃO
Depois da reocupação liderada pelos produtores rurais no início da tarde de ontem (29), os indígenas saíram da sede das Fazendas Fronteira e Barra. Todos os produtores rurais da região se concentram nessas duas propriedades e não mais na estrada, como estava a situação até ontem.
Os indígenas continuam nas terras ocupadas, no entanto, no caso das Fazendas Barra e Fronteira, eles estão fora da sede. Entre os índios e os produtores rurais está a Força Nacional de Segurança, que chegou ontem em Antônio João.
O Exército também chegou na região e nesta manhã fez inspeções para avaliar onde será montada a base de segurança. Os militares ainda não fazem patrulhamento na região.
Além do DOF e da Força Nacional, equipes da Polícia Rodoviária Federal também contribui par evitar novos conflitos.
ÁREA
Há 10 anos, em 2005, o Governo Federal homologou parte das propriedades rurais da cidade como terra indígena. A partir daí, houve série de cobranças por parte dos índios para que a área fosse demarcada, no entanto, nada foi feito.
No final da semana passada, indígenas invadiram fazendas e fizeram famílias de produtores reféns. Na quarta-feira (26), o clima ficou ainda mais tenso e produtores rurais bloquearam estradas que dão acesso à cidade em forma de protesto. As rodovias foram liberadas durante a noite.
No dia seguinte, a situação era menos tensa na região, mas a invasão continuava e policiais do DOF fizeram a segurança para evitar confrontos entre indígenas e fazendeiros.
Amanhã (31), está previsto acontecer reunião entre representantes da Polícia Federal, Exército e forças de segurança estaduais para debater a questão.
ALINY MARY DIAS E CELSO BEJARANO
Foto: Álvaro Rezende
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