MS triplica casos e dobra número de mortes em 20 dias

26/06/2020 09h18 - Atualizado há 4 anos

Covid-19 avançou em progressão geométrica nos últimos três meses; especialistas mantêm alerta

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Divulgação

A pandemia da Covid-19 chegou a Mato Grosso do Sul há 104 dias e durante esse período o Estado já contabiliza 6.523 casos confirmados, 3.578 suspeitos e 62 mortes, conforme dados desta quinta-feira (25) da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Levantamento da pasta mostra o número de confirmados com a doença tem triplicado e o de mortes dobrado a cada 20 dias.

Os primeiros casos do novo coronavírus foram confirmados no Estado no dia 14 de março, de lá para cá, mais de 100 dias se passaram e 6.521 casos a mais foram contabilizados. O crescimento exponencial da curva, porém, pode ser observado entre o 60º dia (em 12 de maio) ao 80º dia (1º de junho).

Em 60 dias de pandemia no Estado, eram 405 casos confirmados, 83 suspeitos e 12 mortes. Entretanto, apenas 20 dias depois já eram 1.568 casos, 1.345 suspeitos e 20 óbitos. O mesmo aconteceu quando a doença chegou ao seu 100º dia em Mato Grosso do Sul, em 21 de junho. Nesse dia, eram 5.237 confirmações, 2.805 suspeitos e 45 mortes.

Já em quatro dias o Estado teve mais 1.286 pessoas positivadas para a doença e registrou 17 mortes. Para se ter uma noção, esse é o mesmo número de mortes que a cidade de Dourados registrou sozinha durante os 104 dias da doença.

“Nós temos visto a escalada do número de casos no Estado, a proporção do crescimento é estupenda e isso deve persistir por mais algumas semanas, com certeza. O que poderia frear é o afastamento social, que inexiste no Estado, então continuará desse jeito”, afirmou o médico infectologista Rivaldo Venâncio, professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para ele, há a necessidade de as administrações públicas tomarem medidas rapidamente para garantir o isolamento social e fazer com que esses dados não sejam ainda maiores nos próximos 20 dias. “Em algum momento, vai ter que restringir a mobilidade social, é muito difícil que sustentem mais algumas semanas sem a restrição, senão vamos chegar ao ponto de o Ministério Público entrar na Justiça para obrigar o poder público a tomar medidas, é até estranho que não tenha acontecido ainda”.

“Desconheço algum país no mundo em que houve distanciamento sem que tenha tido medidas legais, que só pela consciência da população, as pessoas pararam de ir aos shoppings, aos bares. Só foram porque estavam abertos”, argumentou. “Dizer ‘não saiam às ruas’ não vai fazer com que as pessoas deixem de ir a restaurantes, porque elas sabem que não é seguro. Não vai fazer com que não peguem ônibus lotados porque elas sabem do perigo. Isso não está adiantado. Seria bom se tivéssemos uma população consciente”, continuou o infectologista.

PREVISÃO

Para o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, os próximos dias “serão terríveis”. “Nós sabíamos que entrando nos meses de junho, julho e agosto, em que sempre acontece o pico de síndrome respiratória aguda grave no Estado, seria pior por conta da Covid-19. Lá atrás, dizíamos que o número de casos acompanharia a curva do isolamento social. Aqui, temos uma desobediência séria e teremos dias terríveis nas próximas semanas, principalmente em julho”.

O secretário também elogiou o prefeito de Rio Brilhante, Donato Lopes da Silva (PSDB), que decidiu ontem implantar quarentena, o chamado lockdown, no município a partir de hoje. “Espero que inspire outros municípios da região da Grande Dourados”.

CORREIO DO ESTADO