Menino torturado em MS passa por procedimento cirúrgico, diz hospital

25/02/2016 00h00 - Atualizado há 4 anos

O menino de 4 anos e 8 meses está sendo avaliado por uma equipe médica da Santa Casa, na manhã desta quarta-feira (24). A assessoria de imprensa do hospital informou que a vítima está consciente e na sala de emergência da pediatria, em processo de drenagem cirúrgica de abscesso extenso na orelha esquerda.

Ainda conforme a Santa Casa, a vítima possui sinais de comprometimento visual. De um lado, ele possui apenas 20% da visão, enquanto que do outro lado não enxerga. Profissionais da cirurgia plástica também constataram extensas queimaduras na face e no pescoço.

A delegada que atendeu à ocorrência, Priscilla Anuda, da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro definiu a mulher de 31 anos e o marido, de 46 anos, como pessoas extremamente perigosas.

Eles confessaram a prática das agressões e que algumas delas ocorreram em rituais de magia negra.

As lesões foram verificadas nessa terça-feira (23) durante visita de profissionais de um abrigo, tida como de rotina às famílias que adotam crianças que já ficaram abrigadas. O menino foi encaminhado à Santa Casa e após constatação médica de que os ferimentos tinham sido causados por agressões, a mulher foi presa, ainda no hospital.

O homem foi preso em seguida à mulher e a polícia procura por um terceiro suspeito, que seria um rapaz de 18 anos, que já tem passagem por tráfico de drogas. O jovem também é sobrinho do casal.

Conforme a delegada, o casal disse que adotou a criança em maio de 2015 já com a intenção de sacrificá-la em rituais de magia negra e que as agressões também aconteciam em outras situações.

Os investigados relataram que agrediam a criança também em situações fora de rituais de magia negra. A tia alega que agredia a criança porque já a havia adotado com a intenção de utilizá-la em sacrifícios nos rituais, fala a autoridade policial, explicando que o homem declarou também que não queria a adoção por considerar o pequeno um estorvo e um intruso na família.

Os rituais, conforme depoimento dos suspeitos à polícia, eram realizados de três a quatro vezes por semana, à noite, na sala da residência onde moravam, além da vítima e dos presos, duas filhas do casal: uma de 9 anos e outra de 13. Elas não eram agredidas, porém, assistiam aos rituais.

Ainda de acordo com  Anuda, a mulher dizia que agredia o menino porque estava possuída por uma entidade espiritual e que esta lhe prometia benefícios financeiros. Apesar de alegar que estava sob efeito de entidade espiritual durante as agressões, a mulher, segundo Priscilla, contou com detalhes as torturas. A criança era queimada com charutos e pinga quente.

O homem preso era tio-avô do menino e ele e a esposa teriam sido os familiares mais próximos interessados na adoção, depois que a avó materna deixou a criança com a Justiça alegando que não tinha condições de cuidá-la.

Vizinhos afirmaram à polícia não terem suspeitado da situação. O casal foi indiciado por tortura qualificada por lesão grave com a pena aumentada pela vítima ser criança e abandono de incapaz.

Entenda o caso

A vítima chegou no hospital às 16h50 de terça-feira (23), com  queimaduras no rosto, com um dos braços quebrados, ferimentos nos olhos e vários hematomas, conforme informações policiais.

A criança morava com uma tia e o marido dela, conforme as investigações iniciais. Ainda segundo as primeiras informações, o menino chegou a morar com uma das avós, mas ela o entregou à Justiça. Depois de ficar abrigada, a criança foi deixada com os tios. Não há detalhes sobre os pais.

A família recebia visitas constantes de assistentes sociais e pscicólogos, pelo fato da criança já ter ficado em abrigo. Nessa terça-feira, os profissionais viram que o menino estava machucado e ele foi encaminhado ao hospital.

G1 MS