Mãe e padrasto continuam presos por deixar menino de 2 anos em coma e avó desabafa: ‘meu perdão ela não tem mais’
Mãe e padrasto do menino deram várias versões para o caso na tentativa de despistar a polícia
Abalada e revoltada, Maria Aparecida, a avó do menino de 2 anos que está em coma na Santa Casa de Campo Grande, conversou com o Jornal Midiamax sobre a prisão da filha e do companheiro dela, acusados pelas agressões contra a criança, que teve lesões na cabeça e em vários órgãos. Mãe e padrasto do menino deram várias versões conflitantes para explicar a situação da criança.
Sem acreditar que a filha teria envolvimento com o que ocorreu com o neto, a mulher chegou a falar em depoimento que o padrasto seria o único culpado, mas com o decorrer das investigações descobriu-se que a mãe também havia participado das agressões, e com isso, o mundo de Maria Aparecida desmoronou: “meu perdão ela não tem mais”.
“Não esperava uma filha minha fazer isso com meu próprio sangue”, disse a avó da criança para o Midiamax. Ela ainda contou que a filha estava morando com ela até pouco antes do Natal de 2023, quando saiu de casa para morar com o atual companheiro.
Maria Aparecida ainda relatou que a filha sempre levava os netos na sua casa para dar banho e comida, já que falava que onde morava não tinha água. Agora, diferente do relato anterior, a avó revela que a filha não cuidava direito dos netos e era muito ríspida com o menino, que muitas vezes chegava chorando na casa dela pedindo por comida.
Ela disse que sabia que a filha não tinha paradeiro e que a cada dia estava morando em um lugar diferente. “Isso não é uma mãe. Na minha frente era uma mãe amorosa, não batia nem nada”, falou a avó do menino.
“Espero justiça para os dois, para ela e para ele. Tem que pagar, que eu não me conformo. Ela não é mãe, mas eu sou mãe, e mãe de 6 filhos. Eu não me conformo”. Ainda segundo Maria Aparecida, ela já havia pedido à filha para que os netos morassem com ela, mas a jovem dizia que “não daria os filhos para ninguém”.
Protocolo de morte encefálica
A criança continua internada na Santa Casa de Campo Grande em coma e respirando com ajuda de aparelhos.
O hospital informou que o protocolo de morte encefálica aberto foi interrompido porque a criança apresentou atividades cerebrais durante o eletroencefalograma.
A avó, por sua vez, diz que os médicos afirmam que a criança está desenganada e que “só estão esperando o coração parar de bater”.
Ela conta, ainda, que enterrou o brinquedo preferido do neto, um martelo, para não ter que olhar para o objeto e relembrar da dor de ver o neto nessa situação.
Várias versões
Segundo a delegada responsável pelas investigações, Nelly Gomes dos Santos Macedo, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), o casal apresentou diferentes versões sobre o caso para tentar despistar as investigações.
A primeira versão, apresentada quando a mãe, de 19 anos, pediu socorro ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), foi de que o menino havia caído em via pública. Já no hospital, a mulher disse que o filho caiu enquanto brincava em casa com a irmã mais velha, de 4 anos.
“Nossa maior dificuldade foi em estabelecer a dinâmica do que aconteceu com a criança, porque havia muitas inconsistências nas narrativas. Começamos a suspeitar dessas dinâmicas narradas e quando nos chegaram as informações dos graus das lesões que a criança sofreu eram lesões graves em órgãos vitais e nos fez suspeitar que não se tratava de um acidente, mas sim de algum ato violento contra essa criança”, explicou.
A delegada afirma que, em todas as versões, a mãe tentou inocentar o padrasto, de 24 anos. “Ela tentou defender ele apresentando versões que o tiraram das cenas”, relata.
Mesmo com o depoimento da mãe, que dizia que o companheiro não estava presente no momento da suposta queda, as investigações revelaram que o suspeito estava na casa onde ocorreram os fatos. Testemunhas também confirmaram terem visto o homem no local.
Conforme a polícia, a família estava em uma casa à venda, que foi invadida para que pudessem dormir no local. O casal, segundo apontam as investigações, vivia em situação de rua e invadia imóveis abandonados para passar as noites. “Eles viviam em casas invadidas”, afirma.
A Polícia também ressalta que o casal tentou se esquivar da responsabilidade dos fatos. “Eles fugiram para tentar se esquivar da responsabilidade e só apareceram porque as imagens foram divulgadas”, assegurou.
Thatiana Melo e Lívia Bezerra
MIDIAMAX