Lutador foi preso após matar hóspede de hotel em Campo Grande

19/04/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

O lutador de jiu-jitsu suspeito de matar um hóspede, em um hotel de Campo Grande, é descrito, pelo delegado Tiago Macedo, como uma pessoa bastante violenta. A autoridade policial atendeu a ocorrência na noite de sábado (18) e informou que a vítima foi morta de graça.

Dentro das circunstâncias e pelo fato que ele se prevaleceu do preparo e da força, não tenho dúvida que, assim que os laudos ficarem prontos, vão demonstrar a intensidade da intenção dele, que era realmente matar essa vítima gratuitamente. Digo até que ele mataria quem encontrasse pela frente, pela forma como ele reagiu a esse contexto. [...] Uma pessoa absolutamente violenta, sem condições nenhuma de permanecer em sociedade, apontou o delegado.

O crime aconteceu em um hotel na avenida Afonso Pena, no bairro Amambaí. O homem de 48 anos, que estava hospedado no mesmo andar que o suspeito, foi morto um dia antes do aniversário. Ele foi espancado até a morte com golpes de cadeira, depois de ter o quarto invadido pelo lutador, que procurava pela namorada.

O lutador é de São Paulo e estava em Campo Grande porque participaria, na noite de sábado, de um campeonato de jiu-jitsu na categoria faixa preta acima de 90 quilos. Mas, segundo a polícia, ele não chegou a competir.

A motivação desse crime está sendo apurada, mas temos informações no sentido de que ele é competidor profissional, já foi campeão mundial na categoria dele no ano de 2008 e que não participou dessa luta por alguma razão. Não sabemos se perdeu o horário, se foi eliminado. Tudo isso vai ser averiguado em momento oportuno, informou Macedo.

Segundo a polícia, o suspeito e a namorada tiveram uma briga dentro do quarto em que estava e a mulher fugiu depois de ser agredida. O lutador saiu atrás da mulher e, enquanto procurava por ela, quebrou as portas de diversos apartamentos vizinhos, danificou objetos e móveis e também destruiu câmeras do circuito interno de segurança e sistema de combate a incêndio.

O suspeito, que estava no quarto 221, invadiu o quarto 216 aleatoriamente, segundo a polícia, e começou a agredir a vítima, sem motivos. A polícia ainda não ouviu o lutador porque, conforme o delegado, o homem estava alterado e oferecia risco aos policiais.

Resistência

Para conseguir prender o lutador, a Polícia Militar disse que precisou da ajuda de cerca de dez homens, por conta da força e tamanho do lutador, que pesa cerca de 140 kg e tem quase 2 metros de altura, segundo o delegado Macedo.

Ainda conforme o delegado, além da dificuldade de conter o suspeito, a polícia também não conseguiu interrogá-lo porque o lutador estava muito agitado e poderia oferecer risco aos policiais. O pedido de prisão preventiva foi feito à justiça.

O interrogatório deixou de ser realizado em razão da fúria e da força que ele empreendeu na delegacia, ressaltou Macedo. Ele foi transferido para outra delegacia especializada, onde aguarda decisão da justiça.

Entenda o caso

Consta no boletim de ocorrência que antes do crime, a mulher relatou à recepcionista do hotel que teria discutido com o suspeito. Ela também disse ter sido agredida por ele e depois se escondeu do lutador. Momentos depois, o lutador também foi até a recepção, entregou uma corrente para a atendente e informou que o objeto era do hóspede do apartamento 216.

A funcionária do hotel foi até o apartamento da vítima, onde a encontrou morta. Ela também disse à polícia que teria ouvido barulhos momentos antes do crime. O quarto onde ocorreu o crime estava desorganizado. Objetos usados pelo suspeito foram apreendidos pela polícia. Testemunhas relataram ao G1 que o lutador estaria descontrolado emocionalmente e aparentava estar sob efeito de drogas.

O caso foi registrado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro como homicídio doloso qualificado por motivo fútil, pela traição, emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima; lesão corporal dolosa (violência doméstica); resistência e dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

O Hotel Vale Verde informou ao G1, por meio de nota, que os fatos ocorridos em seu estabelecimento são de natureza fortuita, independentes da atuação da empresa. O hotel ressaltou que conta com segurança, monitoramento e gravação de imagens conforme todos os parâmetros exigidos, sendo que os dados coletados por tais recursos encontram-se com acesso exclusivo das autoridades. As imagens estão sendo analisadas pela polícia.

g1.globo.com