Irmãos afrontam Justiça e voltam a fraudar licitações da saúde e da educação

06/06/2024 10h16 - Atualizado há 5 mêses

Empresários já presos ganharam liberdade e voltaram a praticar crimes, principalmente de lavagem de dinheiro - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior, irmãos e empresários, alvos do Gaeco. (Foto: Reprodução das redes sociais) - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

Agentes do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) - ligados ao Ministério Público - voltaram às ruas nesta quinta-feira (6) atrás da quadrilha da saúde e da educação. Principais alvos, os irmãos e empresários Lucas e Sérgio Coutinho, lideram o esquema que consiste em burlar licitações abertas para a compra de equipamentos e materiais de consumo para as secretarias estaduais com a ajuda de servidores. Depois, os produtos eram vendidos superfaturados.

No total, os agentes cumprem dois mandados de prisão preventiva (Lucas e Sérgio) e sete de busca e apreensão em Campo Grande.

Os irmãos são alvos de investigação desde o ano passado, quando foram presos, e conseguiram liberdade. Mas, segundo a investigação, voltaram a cometer crimes.

Para o Ministério Público, a "total afronta" na prática de crimes, fez necessidade de deflagrar a 2ª fase da Operação Turn Off. "A prisão preventiva foi substituída por medidas cautelares, com vistas, inclusive, a inibir novas práticas delitivas. Entretanto, em total afronta e reiteração criminosa, continuaram a praticar novos crimes, principalmente o de lavagem de dinheiro, sendo identificada a atual ocultação de bens obtidos ilicitamente em valores que ultrapassam 10 milhões de reais", diz nota do Ministério Público.

Os irmãos Lucas e Sérgio Coutinho negociavam propina para obterem ajuda dos funcionários do governo e vantagem sobre os outros concorrentes. Os contratos investigados somam R$ 68 milhões. Pelo menos quatro empresas estão sob suspeita, a Maiorca Soluções em Saúde, de propriedade de Sérgio Coutinho, e a Comercial Isototal Ltda, que tem como dono Lucas Coutinho, conforme dados abertos divulgados no site da Receita Federal, a Isomed Diagnósticos e a Health Brasil Inteligência em Saúde Ltda.

Além dos irmãos e de Victor Leite (primo de Sérgio e Lucas), também foram presos na 1ª fase da operação, em novembro do ano passado: Simone Ramires de Oliveira Castro, que exercia cargo de direção na SAD (Secretaria Estadual de Administração), trabalhando como pregoeira em licitações, Andréa Cristina Souza Lima, que ocupa função de gestão na SED (Secretaria Estadual de Educação), e o secretário adjunto de Educação, Edio Antônio Resende de Castro. 

Completam a lista de presos Thiago Haruo Mishima, que foi subsecretário de Comunicação no Governo e trabalhava como secretário parlamentar no gabinete do deputado federal Geraldo Resende (PSDB), e Paulo Henrique Muleta Andrade, fisioterapeuta que atuava como coordenador técnico da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) em Campo Grande.

Entenda - O desdobramento das investigações, conduzidas pelas Promotorias de Justiça com o apoio do Gecoc, identificou a continuidade da prática de crimes. Por fatos anteriores, os alvos das prisões preventivas são réus e foram denunciados por fraudes e desvio de dinheiro em diversas compras públicas.

São réus, desde 2022, pelo desvio de dinheiro público na compra de uniformes escolares pela Secretaria de Estado de Educação, no valor de R$ 5.610.000,00. Em 2023, pelo desvio de dinheiro público na compra de produtos médico-hospitalares pelo Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, no valor de R$ 6.523.977,94, e neste ano de 2024, por organização criminosa, corrupção ativa e desvio de dinheiro público na compra de aparelhos de ar-condicionado pela Secretaria de Estado de Educação, no valor de R$ 13.000.548,00.

Também, neste ano de 2024, foram denunciados por fraudes e corrupção em procedimentos de compra de materiais de ostomia para a Apae de Campo Grande, em Convênio firmado com a Secretaria de Estado de Saúde, no valor de R$ 22.996.305,73. Ademais, foram denunciados por fraudes, corrupção e desvio de dinheiro público na contratação de empresa pela Secretaria de Estado de Saúde, para emissão de laudos médicos, no valor de R$ 12.330.625,08. 

Por Dayene Paz e Anahi Zurutuza - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS