Imprudência é a maior causa de acidentes, diz Agetran

29/11/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos
Cb image default
Divulgação

Com oito equipes da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) atuando na fiscalização de trânsito pela manhã, outras sete à tarde e quatro à noite, em toda Campo Grande, muitos condutores têm aproveitado as lacunas na fiscalização para abusar da imprudência pela cidade.

Este ano, até a quarta-feira (27), 66 pessoas perderam a vida no trânsito da Capital. A maioria dos óbitos foi causada por algum tipo de imprudência dos condutores – envolvidos ou não nos acidentes.

No caso mais recente, Anderson Almeida Brito, 28 anos, e Cristiane Brites Diaz, 20 anos, morreram na Avenida Gury Marques após desviar de um motociclista que surgiu na pista vindo do canteiro central da via. O casal havia acabado de deixar o filho de cinco anos na escola, no Bairro Chácara das Mansões.

A situação, porém, é comum na avenida e foi observada pela reportagem do Correio do Estado ontem. Em menos de 30 minutos, foi possível flagrar três motociclistas que trafegavam na avenida, no sentido BR-163, mudarem para a pista de sentido contrário pelo canteiro central.

O diretor-presidente da Agetran, Janine Bruno, afirma que pequenas infrações são comuns em outros pontos da cidade. “É uma situação recorrente. Eles [condutores] colocam a vida deles em risco e de outras pessoas também, e ainda acham ruim quando são multados”.

Essas infrações, alega o diretor-presidente, ocorrem geralmente quando “não tem ninguém vendo”, por isso são mais difíceis de serem autuadas pela Agetran. “São alguns maus motoristas que usam os canteiros para cortarem caminho. Trabalhamos a cidade inteira para tentar coibir esse tipo de problema, mas ele é comportamental”, diz Bruno.

As equipes têm número reduzido para atuar na fiscalização do trânsito: a pasta também cuida do transporte coletivo e das interdições de ruas e avenidas da cidade. “Fazemos o que podemos. Temos conseguido fiscalizar, mas é importante que a população denuncie”, afirma o gerente de fiscalização da Agência, Luiz Carlos Guarini.

Segundo o responsável pelas equipes, quando os condutores percebem a presença da Agetran no local dificilmente esse tipo de infração é cometida. “Ficamos sem ter como constatar essas situações nas viaturas. Apenas quando estamos no nosso carro particular é que conseguimos ver esse tipo de coisa”.

Apesar das 66 mortes no trânsito, até agora, a quantidade é inferior ao ano passado – 87 óbitos. Segundo Janine Bruno, isso se deve em grande parte à volta dos radares fixos, que passaram boa parte do ano passado desativados por conta de falta de contrato com a empresa responsável pela manutenção dos equipamentos.

“Estávamos vindo de uma baixa muito grande, com redução de quase 50% em seis anos, passando de 132 mortes em 2011 para 70 em 2017, mas aí teve esse aumento no ano passado. Acreditamos que este ano deve seguir a linha da redução”, espera Bruno.

PONTOS CRÍTICOS

De acordo com a Agetran, apesar de bem sinalizada e com radares de velocidade nos semáforos, a Avenida Afonso Pena é sempre a campeã em acidentes na Capital. “Não tem mais o que se fazer ali para evitar os acidentes. Agora é o motorista que deve se conscientizar de que ele também tem de fazer a parte dele”, diz o diretor.

Além da Afonso Pena, as avenidas Guaicurus, Duque de Caxias, Cônsul Assaf Trad e Ernesto Geisel apresentam elevado número de acidentes.

A Agetran também monitora a Rua Professor Luiz Alexandre de Oliveira, no cruzamento com a Afonso Pena, onde, de acordo com Guarini, muitos motoristas têm estacionado no canteiro. “Ali tem prédios empresariais e as pessoas param no canteiro para fazer algo nesses locais, mas não pode. Isso pode causar um acidente. Já fizemos campanha de conscientização lá e, a partir de segunda-feira, vamos começar a guinchar para o pátio do Detran todo carro que estiver parado lá”.

PERIGO

Enquanto estava na Avenida Gury Marques, a equipe de reportagem do Correio do Estado conseguiu flagrar um motociclista que derrapou na pista e foi arrastado alguns metros pela moto. Apesar do susto, o condutor não teve ferimentos graves, já que não estava em velocidade elevada.

Por DAIANY ALBUQUERQUE

 Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado

CORREIO DO ESTADO