Haitiano é agredido por brasileiro e relata maus tratos na Capital
Haitianos que moram há alguns meses em Campo Grande, reclamam de diversas agressões que estão sofrendo por serem imigrantes. Ao Correio do Estado, uma das vítimas de 33 anos que não quis se identificar por medo, mas será nomeado nesta reportagem como Lucas, disse que um brasileiro está os ameaçando e depois que ingere bebida alcoólica parte para as agressões.
“Vivemos em ameaça” disse Lucas que mora há 7 meses no Bairro Rita Vieira. Ele contou à reportagem que foi vítima do brasileiro de 32 anos na noite da última sexta-feira enquanto estava na casa de uma amiga, também haitiana no Bairro Residencial Rita Vieira, onde o agressor é vizinho.
De acordo com o boletim de ocorrência, o agressor entrou na casa com uma faca e pedaço de pau e desferiu uma facada na vítima acertando seu antebraço esquerdo, já que era a única pessoa que estava próxima da porta.
No entanto a vítima relata com o português arranhado que o caso não aconteceu só uma vez. “Não é de hoje que estamos sendo agredidos por não sermos brasileiros. Outra colega haitiana apanhou e precisou ser levada para o hospital. Outro haitiano que mora na região também foi agredido”, contou. Segundo Lucas, ele e mais três foram agredidos.
Ainda segundo boletim de ocorrência, o agressor chegou a dizer que que a briga era com a família de haitianos que mora do lado de sua residência, mas como Lucas teria entrado no meio da briga.
Além das agressões, Lucas disse que todos estão sofrendo muitas ameaças. “Ele disse pra nós que se qualquer haitiano for na delegacia ele vai matar, ele disse com essas palavras, estamos com medo, porque a polícia não faz nada”, disse.
TUDO POR UMA VIDA MELHOR
Morando no Brasil há 3 anos, dentre esses, 7 meses em Campo Grande, Lucas chegou sozinho para trabalhar e conseguir uma qualidade de vida melhor para a esposa e os 7 filhos. “Sai do Haiti porque a situação lá é bastante precária. Furacões, falta de emprego, dificuldades, saí de lá para dar um futuro melhor para os meus filhos, relatou.
Lucas contou que chegou sozinho e depois conseguiu trazer a esposa. Agora a luta é para trazer os filhos que ficaram com a tia lá no Haiti. “Preciso trazer meus filhos, por enquanto não tenho dinheiro, estou desempregado, eu trabalho como pedreiro, quase não tenho oportunidade e quando tenho sou explorado por não ser brasileiro. Aqui eles dão valor só para quem é Brasileiro. Meu último emprego estava trabalhando para um pedreiro e ele me pagava muito pouco para muitas horas de trabalho. Dai eu sai e estou procurando outro emprego. Tudo é pelos meus filhos”, finalizou.
Por BRUNA AQUINO
CORREIO DO ESTADO