Grupo desafia decretos para conter Covid-19 e se especializa em festas clandestinas em Campo Grande

07/03/2021 15h17 - Atualizado há 3 anos

Grupo privado reúne mais de 300 pessoas; com ingressos via Pix e endereço divulgado horas antes das festas

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Divulgação

Beatriz Magalhães

No pior momento da pandemia da Covid-19 em Campo Grande, com recorde de internados nos hospitais, a capital de Mato Grosso do Sul passou a ter um grupo especializado em festas clandestinas.

Um perfil privado de Instagram, chamado “Closed Friends Party CG” (@closedfriendspartycg), tem promovido várias aglomerações, desrespeitando os decretos municipais. Na madrugada deste domingo (07) eles promoveram mais uma: a “Closed Friends Open Bar”, regada a muitos coquetéis e cerveja, e também com dois DJs.

A festa só foi encerrada no meio da madrugada, quando a Guarda Municipal diz ter colocado fim à aglomeração (a 1h30min). Às 3h30min, porém, os organizadores da festa continuaram publicando stories em seus perfis pessoais.

A Closed Friends Open bar foi clandestina desde a confecção de seu card de divulgação: telefone de contato sem nome do responsável, perfil privado, pagamento de ingresso mediante chave Pix própria, e só depois de tudo isso, que a pessoa que estiver disposta a se divertir em meio às restrições de circulação, recebe o endereço da aglomeração.

O Correio do Estado entrou em contato com um dos organizadores da festa. De acordo com o empresário Gabriel Van Der Lan, o evento - que tinha dois DJs, cartão de divulgação, perfil secreto no Instagram, e venda de ingressos via Pix - se tratou de um aniversário surpresa para um amigo que completaria 21 anos.

“Foi um aniversário surpresa com umas 25 pessoas, para um amigo que fez 21 anos. Essa é a maioridade em muitos países. A festa não foi divulgada, o banner que fizemos foi para animar mesmo”, afirmou.

Questionado sobre a responsabilidade diante a pandemia e o grande número de infectados e mortos pela Covid-19, Gabriel desligou o telefone durante a entrevista.

No banner divulgado nas redes sociais falavam sobre comercialização de ingressos. Um print enviado à reportagem mostra o Promoter informando os valores dos ingressos que variavam de R$ 20 (para mulheres) a R$ 100 (para homens). Quanto ao local, a mensagem que ele só só seria divulgado às 21h, horas antes do início da festa.

Em Campo Grande, o toque de recolher vigora entre às 23h e 5h, apesar de o decreto estadual do Programa Prosseguir, do Governo de Mato Grosso do Sul, estabelecer toque de recolher das 22h às 5h na Capital, que está com o grau de risco vermelho.

Pandemia avança

Neste sábado (6), enquanto a festa era divulgada, o Estado atingiu 187.073 casos confirmados da Covid-19. No boletim daquele dia foram registrados 1.190 novos casos da doença, 435 deles em Campo Grande, que já contabilizou mais de 76 mil infecções.

O número de hospitalizados chegou a 695 no dia 06 de março. Desses 368 estão em leitos clínicos e outros 327 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

No sábado foram 16 óbitos por Covid-19 no Estado, 9 deles de moradores de Campo Grande. Dos mais de 3,4 mil mortes causadas pela doença durante a pandemia, 1.506 ocorreram na Capital do Estado até o último sábado. 

Balanço

Ainda na noite de ontem, durante a fiscalização do Toque de Recolher, a Guarda Civil Metropolitana visitou 34 estabelecimentos comerciais, encerrou duas festas clandestinas e abordou 669 pessoas, orientando-as a ficarem em suas residências.

O número 153 recebeu 99 ligações e 26 denúncias por descumprimento do decreto 14.642 de 25 de fevereiro de 2021, do Toque de Recolher. 

CORREIO DO ESTADO