Força Nacional patrulha área ocupada por índios após confronto em MS

27/06/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

Equipes da Força Nacional se deslocaram, neste sábado (27), para as áreas de conflito entre indígenas guarani kaiowá e produtores rurais na região sul de Mato Grosso do Sul. Treze militares estão na região e outros 17 se deslocam. Os policiais devem atuar nos municípios de Aral Moreira, Coronel Sapucaia e Amambai.

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), cerca de 100 guarani kaiowá da Guayviry ocupam as fazendas Água Branca e 27 Estrelas, em Aral Moreira, e aproximadamente 60 da Kurusu Ambá estão em uma fração distante da sede da fazenda Madama, em Coronel Sapucaia. A Funai informou que as ocupações são para pressionar o governo a agilizar a demarcação de terras indígenas.

Conforme nota divulgada pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o presidente Nilton Pickler disse que a instituição vem trabalhando para buscar a pacificação e a integração social entre índios e produtores. “A federação tem atuado no sentido de orientar os produtores a buscar a justiça e sempre evitar a violência”, declarou.

O envio da Força Nacional para as áreas de conflito foi autorizado pelo Ministério da Justiça na sexta-feira (26). Em nota enviada ao G1, o órgão federal informou que a tropa atuará na região por tempo ainda indeterminado em caráter episódico, temporário e planejado. O foco é ajudar na preservação da ordem pública, segurança das pessoas e do patrimônio.

A operação tem o apoio logístico e supervisão dos órgãos de segurança pública do estado.

O pedido de envio da Força Nacional para região foi feito pelo governo do estado, que atendeu a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF).

Situação

De acordo com a Funai, os indígenas de Kurusu Ambá tiveram tudo incendiado depois que foram expulsos da sede da fazenda Madama por produtores rurais na quarta-feira (24) e o lugar onde eles estão não tem água e sombra.

Na sexta-feira, conforme a Funai, um trabalho cooperativo entre o órgão, Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e sociedade civil levou lona, água, comida, roupas e outros mantimentos.

Em entrevista ao G1 na quinta-feira (25), o proprietário da fazenda Madama, Aguinaldo Ribeiro, de 54 anos, disse que não tinha calculado os prejuízos, mas para ele, a maior perda é a tranquilidade. “Prejuízos morais e emocionais são incalculáveis por todos envolvidos, principalmente pelos funcionários que estão apavorados”, pontuou.

Ribeiro afirmou ainda que tem a propriedade há sete anos e nunca tinha tido invasão. Graças à união dos fazendeiros e por causa da omissão do Estado, tiramos os índios da propriedade, ressaltou.

Conflito

Nesta semana, três fazendas foram ocupadas pelos indígenas. Na segunda-feira (22), fazenda Madama, em Coronel Sapucaia, foi invadida. Os índios só deixaram o local depois de produtores rurais enfrentá-los. Em Aral Moreia, as fazendas Água Boa e 27 Estrelas também foram ocupadas pelos índios na quarta-feira (24).

Depois de visitar a região, o procurador da República Ricardo Pael Ardenghi afirmou, na quinta-feira, que o confronto entre indígenas e produtores rurais não surpreende.

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