Esquema de segurança reforçado para julgamento de integrantes do PCC em MS

09/05/2018 00h00 - Atualizado há 5 anos
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Divulgação

Criminosos são responsáveis por coordenarem ataque em 2013

Um esquema de segurança foi montado, na manhã de hoje, nas proximidades do Fórum de Três Lagoas, onde será realizado o julgamento de integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que coordenaram ataques no município em 2013,incluindo a execução de um policial militar. Um helicóptero do Comando Geral de Campo Grande, auxilia no monitoramento do local para evitar possíveis “resgates”.

Eles são acusados de serem os responsáveis por repassar e executarem entre março e abril de 2013 um salve - como são chamados os ataques da quadrilhas a prédios, patrimônios públicos e policiais - em Três Lagoas.Os julgamentos dos 17 integrantes do PCC serão realizados em dias distintos, mas todos ainda neste mês.

Dos 17 integrantes da facção, 11 serão julgados pelos assassinatos a tiros do policial militar aposentado Otacílio Pereira de Oliveira, 60 anos, e de Lucimar de Souza Nascimento, 34, que devia dinheiro ao PCC. Eles respondem por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e mediante emboscada), além de praticado por milícia privada e formação de quadrilha. Outros júris serão realizados nos próximos dias 14 e 23.

Outros seis acusados estão em liberdade. A Justiça em Três Lagoas não informou se o direito foi adquirido nos tribunais ou se estão foragidos. O Portal Correio do Estado apurou que eles serão julgados à revelia se não comparecerem.

O CASO

A morte de Nascimento, em 12 de novembro de 2012, foi a que desencadeou a ordem do salve dada do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, no Jardim Noroeste (região leste da Capital) no início do ano seguinte.

Segundo o setor de investigações gerais da Polícia Civil local, na ocasião a apuração do homicídio levou aos nomes de Geovani Aparecido Muniz Neves, 20, e Maicon Gomes de Sousa, 21, que atuavam como disciplinas da facção na região, ou seja, eram os responsáveis por avaliar a conduta dos integrantes, decidir e colocar em prática ações criminosas e executar inimigos. Andrade foi morto por dever dinheiro em pontos de vendas de drogas, casas de prostituição e estuprar o familiar de um homem preso por roubo.

A prisão da dupla, em fevereiro de 2013, foi o estopim para lideranças da quadrilha. No dia 6 do mês seguinte, o PM aposentado foi a vítima inicial para vingar a polícia. O homicídio aconteceu à noite, na frente de sua casa, no bairro Osmar Ferreira Dutra. O autor do crime foi identificado como o próprio sobrinho da vítima, que havia cumprido pena no presídio local e passou informações sobre a rotina do tio aos criminosos para ser batizado, como é chamado entre eles o ritual de entrada para o bando.

O caso foi fechado em três dias, quando a polícia descobriu o esconderijo dos assassinos, na região central. Houve tiroteio no momento da prisão e Wellington Rosa da Silva, 30, morreu ao ser baleado no revide.

A crise se agravou naquele ano. Ônibus foram incendiados e houveram pelo menos dois ataques a pessoas marcadas pela facção na cidade, acusadas de serem informantes. Ninguém morreu e os baleados serviram de testemunhas para a prisão de outros envolvidos, em operação que contou com a participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul. No total, 43 de 55 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça foram cumpridos, seis deles na Capital, de detentos da Máxima.

Descobriu-se que 2013 estava marcado para ser o ano de controle do crime no Estado. Através de escutas telefônicas, detentos remanejados entre as unidades passavam aos comparsas ordens de ataques e assassinatos. Quatro endereços de policiais militares e um de um investigador da Polícia Civil vieram à tona pelos criminosos e estavam com a morte encomendada, junto com a de agentes penitenciários.

Na ocasião, ainda, o serviço de inteligência da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp), desmantelou um plano audacioso da quadrilha, que aproveitaria o Dia das Bruxas, em 31 de outubro, para cometer uma série de ataques. Além das bases tradicionais de atuação no Estado do PCC (Capital, Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã). Mundo Novo e Ribas do Rio Pardo também teriam ações criminosas, impedidas pelas polícias.  

Por MARESSA MENDONÇA E RAFAEL RIBEIRO

Foto: André Barbosa/JP News