Em oito anos, MS perde 350 leitos de internação, mais da metade na Capital

14/07/2018 00h00 - Atualizado há 5 anos
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Divulgação

De 2010 a 2018, Mato Grosso do Sul perdeu 350 leitos de internação, a maioria na rede pública de saúde, sendo 213 somente na Capital. Os dados foram divulgados hoje, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), e mostram o panorama do que provoca atrasos em diagnósticos e em inícios de tratamentos.

Conforme o levantamento, o Estado tem hoje 3550 leitos de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2010, eram 3855 leitos, uma queda de 305 leitos. Já na rede privada, eram 2106 há oito anos e agora foram contabilizados 2061, o que significa 45 leitos a menos. 

A especialidade que sofreu maior redução foi a pediatria, com 112 leitos a menos ao longo dos anos. Outros 68 leitos cirúrgicos foram fechados no Estado e a obstetrícia perdeu 58 leitos. Também foram perdidos 49 leitos clínicos e 47 de demais especialidades. Apenas na área de hospital dia houve um aumento de 29 leitos no Estado.

“Essa conta é a senha para distorções. Enquanto os gestores seguem fechando leitos em todo o País, milhares de brasileiros aguardam na fila do SUS para realizar uma cirurgia eletiva, conforme demonstrou estudo divulgado pelo no fim do ano passado”, criticou o presidente do CFM, Carlos Vital. Segundo o presidente, as informações revelam o impacto do mau uso das verbas disponíveis e da má gestão administrativa do sistema, por isso serão encaminhadas para ciência e providências ao Congresso Nacional, Ministério Público Federal (MPU) e Tribunal de Contas da União (TCU).

PROBLEMA NACIONAL

De acordo com os dados do CFM, nos últimos oito anos, mais de 34,2 mil leitos de internação foram fechados na rede pública de saúde do Brasil. Em maio de 2010, o País dispunha de 336 mil deles para uso exclusivo do SUS. Em maio de 2018, o número baixou para 301 mil. Dentre as especialidades mais afetadas no período, em nível nacional, estão psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral. Já os leitos destinados à ortopedia e traumatologia foram os únicos que tiveram aumento superior a mil leitos.

Entre as regiões, a queda acentuada se destaca no Sudeste, onde quase 21,5 mil leitos foram desativados. O volume representa uma redução percentual de 16% em relação à quantidade existente na região em 2010. Centro-Oeste e Nordeste perderam cerca de 10% dos seus leitos durante o período apurado, com saldo negativo de 2.419 e 8.469, respectivamente. O Sul é a região que perdeu menos, em números absolutos (-2.090) e em proporção (-4%). Já o Norte apresentou saldo positivo, com 1% ou 184 leitos a mais.

Por LUANA RODRIGUES - Correio do Estado

Foto: Arquivo / Correio do Estado