Em guerra contra Aedes, Exército monta hospitais de campanha em MS

10/12/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

Hospitais de campanha foram montados pelo Exército, nesta quinta-feira (10), em frente a duas unidades de pronto atendimento para ajudar no atendimento a pacientes de dengue, zika e chikungunya em Campo Grande. É a segunda ação dos militares depois que recolher pneus em bairros e levar para a reciclagem.

A capital de Mato Grosso do Sul está em situação de epidemia de dengue há uma semana, segundo a prefeitura, e já registrou três mortes em decorrência da doença neste ano.

As tendas montadas em frente às UPAs Vila Almeida e Universitário têm capacidade para 23 leitos em espaço de 40 m².

O Exército Brasileiro forneceu a estrutura para que o município faça os atendimentos. A estrutura móvel também pode abrigar outros atendimentos médicos e até cirurgias.

Segundo o titular da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), Ivandro Fonseca, serão atendidos pacientes em casos de baixa e média complexidade, que devem receber medicamentos e soro via venosa. Situações mais graves serão encaminhadas a hospitais.

O último boletim da dengue divulgado na quarta-feira (9) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontou 980 novas notificações da doença na última semana em Mato Grosso do Sul. Com estes novos dados, o estado contabiliza cerca de 36 mil notificações.

Reforço

As ações de combate ao mosquito Aedes aegypti ganharam reforço dos militares a partir desta quarta-feira. Segundo a prefeitura municipal, o Exército deve disponibilizar outras equipes para acompanhar visitas domiciliares, comércios e terrenos baldios até abril de 2016.

O objetivo da primeira fase de combate é recolher pneus e a segunda etapa será de medida profilática para combater a larva do mosquito, segundo o Coronel Carlos Alberto Medina, comandante do 9º Grupamento Logístico do Comando Militar do Oeste (CMO).

Ainda conforme Medina, 150 militares, entre cabos e soldados, foram treinados pela Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) antes de começarem o combate nas ruas. Eles receberam informações sobre as três doenças transmitidas pelo mosquito (dengue, febre chikungunya e zika vírus), as características e a biologia, e a forma de identificar o criadouro do mosquito.

Além deles, cerca de 400 agentes de controle de zoonoses e endemias, 1,2 mil agentes comunitários de saúde e 200 trabalhadores braçais que estão ajudando, segundo o coordenador da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais da Sesau, Alcides Ferreira.

Epidemia

A situação epidemia de dengue foi anunciada pelo secretário-adjunto de saúde do município, médico Vitor Rocha, na quarta-feira (2). A última epidemia tinha sido em janeiro de 2013. Segundo a Sesau, de 27 de janeiro a 8 de dezembro foram 7.614 notificações, sendo 3.819 casos confirmados. Destes, cinco foram considerados graves.

Na capital sul-mato-grossense, oito bairros estão em alerta por causa da alta incidência da doença: Nova Campo Grande, Monte Castelo, Coronel Antonino, Vila Margarida, Jardim dos Estados, Tijuca, Aero Rancho e Jardim Batistão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que há epidemia quando um local registra ao menos 300 casos a cada 100 mil habitantes, equivalente a 0,003 casos por habitante. Com população de 853.622 moradores, segundo estimativa do IBGE, Campo Grande teve 3.819 casos confirmados, com média de 0,004 casos por habitante.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) já foi informada sobre a situação e disse que a capital é a única cidade do estado com epidemia.

Outras doenças

Com relação à chikungunya, de 27 de janeiro a 8 de dezembro ocorreram 74 notificações, com dois casos confirmados, considerados importados de outros locais e tratado na capital. Quanto ao zika vírus, o levantamento feito pela Sesau até a terça-feira (08) aponta 75 casos investigados com suspeita da doença e nenhum caso confirmado.

Cuidados

Além das ações do poder público, a população também pode e deve colaborar para evitar a proliferação do mosquito. Não deixar água acumulada é o principal cuidado, já que é onde a fêmea bota os ovos. Cada vez, um mosquito deposita cerca de 40 ovos.

Transmissor

O aedes aegypti é o transmissor da dengue e de diversas outras doenças. Nesse período de temperaturas altas, a reprodução do mosquito é acelerada. “As temperaturas não mais altas, esse tempo tende a diminuir, então a quantidade de insetos que são lançados no ambiente é muito maior”, explicou Alessandra Gutierrez de Oliveira, doutora em Biologia Parasitária.

Fonte: G1 MS