Em 2012, Bumlai vendeu fazenda em MS para o BTG Pactual

26/11/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

A fazenda Cristo Rei, localizada nos municípios de Miranda e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, com mais de 110 mil hectares, foi vendida em 2012 pelo pecuarista José Carlos Bumlai, preso na 21ª fase da Operação Lava Jato na terça-feira (24), para o BTG Pactual, cujo dono, André Esteves, foi preso nesta quarta-feira (25).

No município de Miranda (MS), a fazenda Cristo Rei tem 39.816 hectares em 3.744 metros quadrados, segundo Maurício Moreira, registrador de imóveis do Cartório de 1º Ofício de Miranda. Há outros cerca de 80 mil hectares na cidade de Corumbá (MS).

Moreira informou que José Carlos Bumlai comprou a área de 39,8 mil hectares em Miranda em julho de 2001 no valor de R$ 4,03 milhões. Depois de 11 anos, a propriedade foi vendida para o BTG Pactual pelo valor de R$ 76,2 milhões pagos à vista para Bumlai e os quatro filhos dele, Maurício, Fernando, Guilherme e Cristiane. O registro da escritura foi feito no 9º Tabelionato de São Paulo em 26 de abril de 2012.

Um ano e meio depois, o BTG Pactual vendeu a propriedade para a BRPeq Agropecuária S/A, em nome dos diretores Alexandre Câmara e Silva e Marcelo Del Nero Fiorellini. A escritura foi registrada em 11 de novembro de 2013 no 14º Tabelião de Notas em São Paulo. O valor pago foi de R$ 85,5 milhões.

Todas essas informações se referem à área de Miranda apenas, mas as vendas feitas por Bumlai e pelo BTG Pactual englobam a área total de mais de 110 mil hectares, incluindo Corumbá, segundo Moreira.

O G1 não conseguiu informações referentes à área de Corumbá.

Prisões

O banqueiro André Esteves foi preso nesta quarta-feira na casa da família no Rio de Janeiro. Ele teve atuação no plano para obstruir as investigações da Operação Lava Jato, que investiga um esquema criminoso de corrupção na Petrobras, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Esteves está na Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Além de Esteves, também foram presosnesta quarta-feira o senador Delcídio Amaral e o chefe de gabinete dele. Há ainda um mandado de prisão em aberto contra Édson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras já condenado em ação penal oriunda da operação.

André Esteves iria participar financeiramente de uma eventual fuga de Cerveró. Segundo a PGR, o senador Delcídio Amaral prometeu pagar R$ 50 mil mensais para a família de Cerveró para que o ex-diretor não fizesse delação premiada ou não revelasse suposta participação do senador no esquema de corrupção na estatal.

O advogado de Esteves, Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), diz que ainda não sabe em que contexto seu cliente foi citado. Pretendemos ter acesso à inteireza dos áudios para saber por que foi citado e por quem foi citado, afirma.

Pecuarista do Mato Grosso do Sul e empresário do setor sucroalcooleiro, Bumlai tinha acesso ao gabinete de Lula durante os oito anos em que o petista comandou o Palácio do Planalto. Os dois se conheceram em 2002, apresentados pelo ex-governador sul-matogrossense Zeca do PT, e estreitaram a relação nos anos seguintes.

Um dos delatores da Operação Lava Jato, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que repassou R$ 2 milhões a Bumlai referente a uma comissão a que o pecuarista teria direito por supostamente pedir a intermediação de Lula em uma negociação para um contrato e que Bumlai afirmou a ele que o dinheiro seria usado para pagar uma dívida imobiliária de uma nora de Lula.

O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o empresário e pecuarista, disse que a prisão do cliente foi uma surpresa, porque Bumlai estava em Brasília para atender a uma convocação da CPI do BNDES. A defesa afirmou que ainda está se inteirando dos fatos que motivaram a prisão.

Fonte: G1 MS