Desinfecções são eficazes contra a Covid-19? Saiba
Ferramenta tem sido feita em vários locais da Capital, como avenidas e pontos de circulação
Daiany Albuquerque
Vários locais de Campo Grande já passaram por limpeza com produtos químicos como uma forma preventiva contra o novo coronavírus, medida adotada pela prefeitura da cidade. Entretanto, para o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, que é médico infectologista, essa ferramenta seria melhor se fosse feita diariamente.
“Não existe nenhuma evidencia que tem impacto na redução no número de casos. Ainda mais feita de forma pontual”, explica o médico, que também é professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
O problema, conforme o médico, estaria na periodicidade que essas limpezas são feitas, em sua maioria apenas uma vez apenas. Para ele, o certo seria fazer “ate mais que diário”, ou seja, várias vezes ao dia.
Atualmente, a desinfecção foi feita pela administração municipal e em parceria com Exército, Marinha e Aeronáutica em vários lugares, como feiras livres, Rua 14 de julho e terminais de ônibus, Feira Central, Mercadão Municipal de Campo Grande e Terminal Rodoviário.
A última foi feita na terça-feira (21) no Bairro Aero Rancho. O trabalho contou com equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Púbicos (Sisep), Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) e Guarda Civil Metropolitana para organizar o trânsito. A ação foi feita em duas etapas, a primeira na Avenida Presidente Tancredo Neves e outra na Avenida Ezequiel Ferreira Lima.
De acordo com a prefeitura, mais de 20 bairros já foram descontaminados e nessas limpezas são utilizadas água e hipoclorito de sódio. A medida já tem quatro meses a administração afirma que o objetivo é evitar a proliferação da doença.
A medida, porém, não é feita apenas em Campo Grande, mas em vários países pelo mundo, principalmente antes da reabertura de empreendimentos comerciais.
Portaria publicada em abril pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta as prefeituras de que a forma como é feito a aplicação desses produtos, em ações não concentradas em pontos de maior circulação de pessoas, mas feitas indiscriminadamente em toda a cidade pode não fazer efeito.
“Ressalta-se que o uso indiscriminado desses produtos pode elevar o risco de resistência dos microrganismos aos produtos utilizados na desinfecção, e o risco aos efeitos adversos entre os trabalhadores e a população em geral”, declarou a Agência na portaria.
A publicação também pede que apenas produtos regularizados pela Anvisa ou pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sejam utilizados e que as substâncias químicas não sejam misturadas. A nota também lembra que não há nenhuma indicação das autoridades de saúde para que a medida seja feita.