Denunciante de suposto desvio de vacinas pode responder por calúnia
Uma reviravolta na investigação que apura suposto desvio de vacinas contra H1N1, em Campo Grande, pode resultar em indiciamento para o denunciante. Segundo o delegado Fabiano Goés Nagata, titular da 1ª Delegacia de Polícia e responsável pelas investigações, as pessoas que teriam sido beneficiadas foram ouvidas e, até o momento, não há indícios de crime.
Nós estamos ouvindo uma a uma as pessoas que constam na lista do denunciante. No entanto, não localizamos imagens da chegada das vacinas, nem mesmo algum indício de que elas tenham tomado doses no gabinete do prefeito Alcides Bernal (PP). Mas as investigações continuam e ainda não temos nada definido, comentou ao G1 o delegado.
No decorrer dos últimos dias, as pessoas que estavam sendo investigadas falaram sobre o pedido de representar contra o denunciante. Uma reviravolta pode acontecer e ele responder, caso a investigação não apontar crime, responder por calúnia e até falsa comunicação de crime. Por enquanto, não procede. Foi feito um TCO [Termo Circunstanciado de Ocorrência] e aguardamos mais testemunhas para prestar depoimento, explicou Nagata.
Nos últimos dois meses, o delegado ressaltou que servidores da prefeitura, enfermeiros e outras testemunhas foram ouvidas. Na ocasião em que ele disse não ter vacina para a sobrinha também estamos verificando e até o momento, não procede. Foram dois meses de oitivas e ainda temos mais pessoas e buscas a serem feitas. A previsão é encerrar o inquérito até o final do mês e depois verificar o andamento do judiciário, comentou.
No mês de junho deste ano, denúncias anônimas nos gabinetes, discussão do assunto e a indignação da população de Campo Grande, com relação ao sumiço de doses que combatem o H1N1, levaram vereadores a delegacia. Eles instauraram a CPI e prometem investigar o paradeiro de milhares de doses. Ao mesmo tempo, a polícia instaurou inquérito para apurar o suposto desvio de doses.
“São vacinas que possivelmente foram desviadas da rede pública, estão sendo vendidas a R$ 40, conforme o flagrante deste vizinho e configuram elementos para os crimes de favorecimento, peculado, entre outros. Vamos confirmar se sumiram 3 mil ou 32 mil doses e, a partir daí, vamos elaborar um relatório com base nas informações recebidas e também em diligências”, afirmou na ocasião o vereador Alex do PT.
Além dele, o vereador Vanderlei Cabeludo (PMDB) e o vereador engenheiro Edson Shimabukuro (PTB) estavam presentes na delegacia. “Vamos providenciar um disque denúncia nos gabinetes, tanto no telefone quanto no site. A indignação da população é total e estamos mantendo contato com a área da saúde, para cobrar um posicionamento do Instituto Butantã, sobre o exato número de doses”, comentou Shimabukuro.
Buscas
No dia 17 de junho, o secretário municipal de saúde pública, Ivandro Fonseca, foi intimado a prestar depoimento. Além disso, a investigação fez buscas em uma residência na região norte da cidade, onde houve um possível comércio clandestino e doses teriam sido aplicadas.
Ainda conforme Nagata, a servidora da prefeitura, que prestou depoimento recente, disse que o denunciante da vacinação no gabinete é um ex-funcionário do município. Paralelo ao inquérito, vereadores instauraram uma Comissão Parlamentar de Inquérito, denominada CPI da Vacina.
G1 MS