Defesa de salgadeira que esquartejou o marido pede exclusão de qualificadoras, mas justiça nega pedido

13/11/2024 16h52 - Atualizado há 9 dias

Aparecida é acusada por homicídio triplamente qualificado e destruição ou ocultação de cadáver

Cb image default
Parte do corpo foi encontrada em mala à beira de rodovia | Foto: (Reprodução, PCMS)

A defesa da salgadeira Aparecida Graciano de Souza, de 63 anos, acusada de envenenar e esquartejar o marido de 64 anos, Antônio Ricardo Cantarin, solicitou a exclusão de qualificadoras do homicídio. O caso ocorreu em Selvíria, a 399 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a denúncia, Aparecida é acusada por homicídio triplamente qualificado e destruição ou ocultação de cadáver. Dessa forma, as qualificadoras de motivo torpe, envenenamento e dissimulação enquadram um tipo penal mais grave.

Trecho da denúncia diz que “o crime de homicídio foi praticado por motivo torpe (art. 121, §2º, inciso I, do Código Penal), ante a desproporcionalidade da reação gerada pela Denunciada ao envenenara vítima Antônio por achar que ele não a valorizava”.

Além do homicídio ser praticado com emprego de veneno “haja vista que a vítima morreu após ingerir veneno conhecido como ‘mão branca’, o qual foi oferecido pela Denunciada”, reforça o trecho conforme o art. 121, §2º, inciso III, do Código Penal.

Por fim, a denúncia aponta o crime praticado mediante dissimulação “visto que a Denunciada deu veneno à vítima, dizendo que era remédio, disfarçando sua verdadeira intenção de matar o ofendido”, conforme o art. 121, §2º, inciso IV, do Código Penal.

Diante das qualificadoras, a justiça negou o pedido da defesa de Aparecida. “As qualificadoras só podem ser excluídas da sentença de pronúncia quando manifestamente improcedentes e descabidas, cabendo ao tribunal do júri, que é o juiz natural para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, dirimir a ocorrência ou não das qualificadoras”, diz relator ao negar pedido.

Salgadeira vai a júri popular

O Poder Judiciário de Três Lagoas decidiu que a salgadeira Aparecida Graciano de Souza, acusada de matar envenenado e esquartejar o marido de 64 anos, Antônio Ricardo Cantarin, vai a júri popular. O crime brutal com requintes de crueldade e frieza aconteceu em maio do ano passado na cidade de Selvíria, a 399 quilômetros de Campo Grande.

A decisão foi publicada pelo Juiz de Direito, Rodrigo Pedrini Marcos. A idosa, que está presa desde a época do crime, não poderá recorrer da decisão em liberdade devido à gravidade dos fatos.

“Tendo em vista a gravidade do crime em comento – cometido por motivo fútil contra a próprio companheiro – e que a ré, ainda que tenha sido preso em flagrante, fugiu do local do delito e descartou a arma do crime, não faculto o recurso em liberdade”, diz trecho da decisão, conforme o art. 413, § 3º, do Código de Processo Penal.

Caso

Em interrogatório, a idosa contou que se lembrou de quando a irmã quase morreu ao ingerir veneno de rato, e por isso, resolveu dar ao marido, dizendo que era remédio. Ao anoitecer, constatou que o marido já havia morrido e ela cobriu o corpo com um lençol.

Na segunda-feira, dia 22 de maio, a mulher disse para os vizinhos que parentes do marido haviam levado ele para tratamento em São José do Rio Preto, em São Paulo.

Preocupada com o corpo que estava em sua residência e já estava cheirando mal, na terça-feira (23) pela manhã, a idosa esquartejou o marido separando o tronco, a cabeça e braços e pernas. Disse ainda que sempre matou porcos e sabia como fazer esse procedimento. Ela então colocou plástico na cama e usou panos para conter o sangramento.

No dia seguinte, quarta-feira (24), como o cadáver começou a cheirar mal, a mulher colocou o tronco em uma mala preta e o restante em sacos plásticos e armazenou em um freezer.

Como não conseguia carregar a mala com o corpo, a mulher pediu ajuda de dois rapazes, dizendo que na mala havia retalhos de tecidos. Após colocar a mala dentro do carro, a mulher seguiu em direção à rodovia, na saída para Três Lagoas, depois entrou em uma estrada que já conhecia e empurrou a mala da porta do carro e voltou para a cidade.

No outro dia, quinta-feira (25), a mulher não conseguiu se desfazer do restante do corpo, pois o carro havia apresentado problema. Então, na sexta (26), conseguiu deixar as outras partes também na saída para Três Lagoas.

No mesmo dia, a polícia apareceu em sua casa. A princípio ela negou, mas depois de entrar em contradição confessou que matou o marido com veneno de rato e o esquartejou. Então, indicou aos policiais onde estava o restante do corpo.

Layane Costa

MIDIAMAX