COVID-19: Pesquisa sugere contágio comunitário maior que hospitalar

06/07/2020 07h53 - Atualizado há 3 anos

Profissionais da saúde têm sido testados a cada 14 dias

Cb image default
Profissional faz teste nas mãos de pesquisador da UFMS - Divulgação

Ricardo Campos Jr

Resultados preliminares da pesquisa com profissionais da saúde dos hospitais Universitário e Regional revela que o contágio da Covid-19 ocorre mais na comunidade do que dentro das unidades. O estudo é conduzido por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Famed-UFMS).

Grupo de 257 funcionários dessas duas unidades têm feito testes rápidos e de RT-PCR a cada 14 dias, além de duas entrevistas semanais sobre o estado de saúde.

A coordenadora do levantamento é a médica Sandra Leone e as informações foram repassadas ao Correio do Estado por um dos integrantes do grupo, o médico doutor em medicina tropical e pós-doutor em imunologia James Venturini.

Segundo ele, nove voluntários testaram positivo para o novo coronavírus com o exame RT-PCR, que identifica a presença de DNA e RNA do agente transmissor da doença, o que corresponde a 3,5%. Outros cinco deram positivo no exame rápido, que identifica os anticorpos produzidos pelo organismo contra o organismo, o que resulta 2%.

“Os dados refletem que a transmissão é comunitária e, com isolamento precoce, evita-se surtos intra-hospitalares”, afirma Venturini.

Além disso, 72% dos que deram positivo são mulheres e 28% são homens.

Também é possível que os resultados apontem eficácia dos protocolos de biossegurança adotados pelos hospitais, mas os pesquisadores ainda não consideraram essa variável, embora “de modo geral, pareça que sim, pois caso contrário, haveria um grande número de infectados”, disse o pós-doutor.

Há expectativas de incluir mais 700 profissionais entre o grupo de voluntários. O projeto prevê 12 visitas quinzenais. Até o momento, 80% do grupo está na terceira.

Na metodologia adotada, assim que alguém testa positivo, sai da pesquisa, já que o objetivo é medir o contágio.

O projeto obteve aprovação do Comitê de Ética da UFMS para começar. Além disso, houve parceria com o poder público para que o estudo pudesse ser feito no Regional, que faz parte da administração estadual. A unidade é referência para o atendimento aos casos da Covid-19 em Campo Grande.

DADOS OFICIAIS

A pesquisa é feita por amostragem. Dados do Governo divulgados em junho revelam que pelo menos 454 profissionais da saúde se infectaram, a maioria em Campo Grande, com 241 casos. Somente no mês de junho foram 395, mês em que o avanço da doença atingiu níveis altíssimos.

Na Capital, 184 já haviam sido considerados recuperados na época em que as informações foram trazidas a público.

Em Dourados, epicentro do novo coronavírus no Estado, teve três médicos internados em unidades de terapia intensiva com Covid-19 e uma técnica de enfermagem morreu em razão da doença. 

CORREIO DO ESTADO