Conveniência ignora decreto e aglomera mais de 130 pessoas em primeira noite de Carnaval
Equipe de fiscalização ainda abordou 576 pessoas nas ruas de Campo Grande
Gabrielle Tavares
Uma conveniência em Campo Grande foi autuada pela Vigilância Sanitária e Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) após ser flagrada reunindo mais de 130 clientes na noite de sexta-feira (12), primeiro dia do feriado prolongado de Carnaval.
A operação também contou com apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e Polícia Militar. Em vídeo divulgado pelos agentes, é possível perceber grande número de pessoas aglomeradas sem máscaras e descumprindo distanciamento social.
Se o Carnaval não tivesse sido suspenso, ontem seria a primeira noite de folia na cidade. Contudo, sem a melhora no índice de contágio do coronavírus, bloquinhos foram suspensos, esplanada ferroviária, interditada, e até a Polícia Militar montou ação para inibir festas clandestinas.
Ainda na noite de ontem, a GCM abordou 576 pessoas nas ruas de Campo Grande, quando fiscalizavam cumprimento do toque de recolher, previsto no decreto municipal nº 14.601.
Todas elas foram orientadas a retornarem e permanecerem em suas residências. A equipe, composta por 60 guardas civis, também verificou 21 estabelecimentos comerciais.
As ações são feitas nas sete regiões da cidade: Anhanduizinho, Bandeira, Centro, Imbirussu, Lagoa, Prosa e Segredo. O toque de recolher estabelecido pela Prefeitura de Campo Grande é válido das 23h até 5h.
Na operação blitz, realizada pela GCM, Detran, e Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), foram abordados 533 veículos (463 carros e 70 motocicletas), sendo 14 notificados.
Flexibilização
A Prefeitura de Campo Grande determinou que eventos e festas podem acontecer com a capacidade máxima de 120 pessoas, mediante o cumprimento das regras de biossegurança.
Todos os estabelecimentos e atividades com atendimento ao público devem funcionar com lotação máxima de 40% da capacidade, incluindo templos e igrejas.
Já as festas, eventos esportivos e campeonatos de qualquer natureza devem funcionar com 40% da sua capacidade e ainda limitados ao máximo de 120 pessoas. A medida tem validade até o dia 26 de fevereiro.
O horário do toque de recolher no município também foi alterado e passa a valer das 23h às 5h. Anteriormente a restrição era estabelecida das 22h às 5h.
Para especialistas, essa liberação pode contribuir para que casos e mortes por causa da Covid-19 voltem a crescer na cidade, que enfrenta números menores que os do início do ano, e esse aumento pode até refletir em uma possível terceira onda.
Em entrevista para o Correio o Estado, a médica infectologista Mariana Croda, essa flexibilização é perigosa e pode trazer como consequência o aumento de casos e de ocupação de leitos na Capital.
“Agora que estamos em um momento de estabilização, com queda de casos e de óbitos, não tem lógica relaxar nos feriados, ainda mais sabendo que eles estão relacionados com a segunda onda".
"Foram os feriados de setembro e novembro que contribuíram para as aglomerações e o crescimento no número de casos. Nós continuamos com níveis altos no Brasil, então não há lógica em uma decisão como essa”, declarou a médica.
Restrições
Durante o período, é vedada a circulação de pessoas, salvo em razão de trabalho, serviços emergenciais, emergência médica ou urgência inadiável.
O toque de recolher não é aplicado a postos de combustíveis, farmácias e serviços de saúde, que podem funcionar em horário estabelecido no alvará de localização e funcionamento, assim como aos serviços de delivery, de coleta de resíduos e ações destinadas ao enfrentamento da Covid-19.
Shoppings podem funcionar diariamente das 10h às 22h, enquanto o varejo em geral é das 8h às 21h. Os passes de transporte gratuito dos estudantes continuam suspensos, enquanto o dos idosos é liberado apenas das 9h às 16h.
O decreto também proíbe o compartilhamento de objetos, incluindo narguilés e tererés.
CORREIO DO ESTADO