Centro fecha, mas bairros e grandes lojas 'driblam' lockdown

19/07/2020 09h26 - Atualizado há 4 anos

Havan foi um dos estabelecimentos que conseguiu abrir por possuir registro de hipermercado, apesar de se caracterizar como uma loja de departamentos

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DivulgaçãoLojas Havan possuem autorização para funcionar por ter registro de supermercado - Valdenir Rezende/Correio do Estado

Nyelder Rodrigues

O primeiro dia do 'semi-lockdown' em Campo Grande começou com pouquíssimo movimento no Centro, com praticamente todas as lojas fechadas. Contudo, a situação dos bairros foi o inverso, com vários estabelecimentos que deveriam fechar funcionando normalmente e muitas pessoas nas ruas, inclusive sem máscara de proteção.

Logo cedo, a reportagem do Correio do Estado foi às ruas para verificar a situação. Uma das situações que chamou a atenção foi o funcionamento normal de grandes redes de lojas de departamento, como as Lojas Americanas e a Havan.

Ambas podem funcionar em períodos de restrição como o desse e do próximo fim de semana por terem alvará de venda de produtos alimentícios e de higiene. Assim, eles seriam como supermercados, apesar que a realidade vista é bem diferente.

No caso da Americanas, apesar da maioria dos alimentos oferecidos em suas lojas não fazer parte da cesta básica, há diversos produtos de higiene à venda. Na unidade localizada no Centro, o movimento era baixo nessa manhã.

Já na Havan, basicamente não se encontram tais itens à venda, tendo maior destaque nas pratilheiras outros bens de consumo, como talheres, toalhas, ferramentas, celulares, produtos de decoração, entre outros. Na unidade localizada na avenida Ernesto Geisel, alguns consumidores se arriscaram ir às compras nessa manhã.

Conforme apurado, entre 20 e 30 funcionários trabalhavam no local, com apenas três caixas abertos. Além do uso obrigatório de máscaras, a higienização das mãos era feita na entrada do estabelecimento, com borrifador de álcool líquido 70%. "Todos estão com receio, e nós também. Mas precisamos vir trabalhar", comenta uma funcionária.

A inclusão de itens como arroz, feijão e macarrão no rol de produtos vendidos pela Havan aconteceu em maio. Segundo a assessoria de imprensa da própria empresa, ela consta no Cadastro Nacional de Atividade Econômica (CNAE) dentro da categoria hipermercado, o que lhe permite vender qualquer tipo de gênero alimentício.

"Muitas lojas de departamento do mundo, como a Harrods, em Londres, e a Americanas, no Brasil, vendem alimentos", cita a Havan em nota à imprensa. "Cada empresa está adotando medidas diferentes para sobreviver, algumas que não tinham e-commerce, estão vendendo pela internet", destaca o dono da rede, Luciano Hang.

Adesão baixa nos bairros

Enquanto o Centro seguiu à risca o decreto do prefeito Marcos Trad (PSD), com validade até o dia 31 deste mês, comerciantes dos bairros acabaram desrespeitando a determinação e abrindo normalmente. Em uma das principais ruas comerciais da periferia de Campo Grande, a Souto Maior, o fluxo foi grande durante essa manhã.

Abrangendo bairros importantes como Tijuca e Coophavila II, na Souto Maior foi possível ver estabelecimentos de venda de roupas, os populares 'ganha pouco' e até loja de erva de tereré abertos, além de oficinas mecânicas e outras atividades que pelos decretos publicados pela prefeitura, estão proibidas de acontecer.

A responsabilidade por tal fiscalização é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur). A reportagem tentou contato com o chefe da pasta, Luiz Eduardo Costa, mas até o fechamento do texto não obteve êxito. Contudo, foi apurado que a fiscalização já tinha ciência da situação na Souto Maior nesta manhã.

"No momento em que estamos, esse lockdown foi bastante necessário, se não o problema pode aumentar. É uma situação que ocorre no mundo inteiro, todos passando por isso, então precisamos obedecer", opina Sebastião Gomes, de 63 anos, que passava pelo Centro.

Outro que também estava de passagem pela região central e comentou a situação foi o jovem Kesler Santos, de 16 anos. "O lockdown é uma medida necessária, mas precisaram colocar uma multa para a maioria usar máscara. Acredito que daqui em diante as pessoas vão passar a respeitar mais os decretos", frisa.

Tempo para reformas

Com a baixa demanda de clientes no Centro e atividades de construção civil liberadas, algumas lojas da região aproveitaram para seguir com reformas. Apenas na 14 de Julho, a reportagem conseguiu contar duas reformas internas e uma externa, com pintura. Já nos bairros, a quantidade de lojas de material de construções abertas é grande.

Igrejas, que também estão liberadas para funcionar, em geral, apresentavam fluxo baixo e algumas sequer abriram as portas nos locais aos quais o Correio do Estado passou neste sábado (18), em geral, na região sudoeste e sul de Campo Grande.

CORREIO DO ESTADO