Carpinteiro que matou mulher e filha ‘por ordem divina’ vai a julgamento
Crime aconteceu em 2021, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com MS
Nessa terça-feira (19), teve início o julgamento oral do carpinteiro Pablino Giménez Ledezma, 56 anos. Ele é acusado pelo assassinato da esposa, de 47 anos, e da filha, de 20. O crime aconteceu em 2021, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
A descoberta dos corpos sem sinais vitais ocorreu nos primeiros dias de novembro de 2021, em uma casa no bairro Villa Teresa e se encontravam em avançado estado de decomposição.
Informações da Polícia Nacional apontaram que os assassinatos poderiam ter ocorrido três meses antes. Há relatos de que as vítimas tinham sido vistas pela última vez por vizinhos no mês de agosto do mesmo ano.
No primeiro dia de depoimentos, foi ouvido o comissário Jorge Vidallet, que na época era vice-chefe do Departamento de Investigações e foi um dos participantes da descoberta dos corpos de Patrocinia Romero Olmedo e da filha, Noelia Giménez Romero.
O policial relatou ao Tribunal do Júri, nessa terça-feira (19), que Pablino confessou o crime e disse ter assassinado a mulher e a filha em cumprimento a uma “ordem divina”.
Outra testemunha ouvida, segundo informações da Rádio Império, foi Sotera Romero, mãe de Patrocinia. Ela disse que na época foi até a casa de sua filha, mas não a encontrou.
Segundo ela, o genro ligou informando que os dois viajaram para vários lugares. “Durante esses três meses liguei para minha filha e ela não atendeu, esses dois (pai e filhos indiciados) me mentiram para mim e me disseram que minha filha tinha viajado com minha neta”, disse.
O filho de Pablino, José David Giménez Romero, também foi preso e é julgado por cumplicidade e ocultação de cadáver. Os corpos das vítimas foram encontrados dentro da própria residência na Villa Teresa, nas proximidades do bairro Defensores del Chaco.
O Tribunal de Sentença é formado pelas juízas Ana Graciela Aguirre Núñez, Librada Beatriz Peralta Céspedes e Carmen Elizabeth Silva Bóveda. A acusação está a cargo da agente fiscal Reinalda Palacios Jara.
A defensora pública Gladys Escobar atuou como representante interina dos réus, em substituição ao defensor público Ricardo Beraud. A reportagem do Jornal Midiamax apurou que o julgamento está temporariamente suspenso e deve prosseguir na próxima sexta-feira (22).
‘Possuída pelo demônio’
Logo após ser preso em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, Pablino Gomes Ledesma, na época com 53 anos, disse aos agentes da Polícia Nacional do Paraguai, que matou a própria filha para tirar o demônio do corpo dela.
Antes de tirar a vida de Noelia Gimenez Romero, de 20 anos, Pablino já tinha assassinado a mulher, Patrocinia Romero Olmedo, de 47 anos. O mestre de obras também contou aos policiais que não estava arrependido.
“Matei em nome de Jesus porque ela estava possuída pelo demônio”, confessou Pablino, que teria contado com a ajuda de três filhos, dois deles menores de idade, relatando ainda que primeiro tirou a vida da esposa por enforcamento.
Ele disse ouvir vozes divinas e que os vizinhos tinham medo de passar em frente à casa deles com receio de serem atacados. O caso já havia sido relatado em 25 de outubro, quando procurou a polícia para denunciar o falso desaparecimento da mulher e da filha.
Durante o registro da ocorrência, na Delegacia de Polícia de Pedro Juan Caballero, do Departamento de Amambay, que foi acompanhado pelo comissário Carlos Miguel Lopes Russo, teria afirmado que a filha estaria falando “em línguas”.
Segundo informações do próprio pai, os parentes estavam tão assustados quanto os vizinhos, que viviam em orações para que o demônio fosse afastado. Pablino explicou que Jesus falou com ele por meio de sua esposa.
‘Vaso do Senhor’
“Ela é o vaso do Senhor, vocês não vão entender, ela é batizada com o Espírito Santo, Jesus falou através do vaso dela, aquela que tem unção, selo do Espírito Santo, aí Jesus desce”, disse o homem, revelando que matou a filha para salvar a mulher que iria ressuscitar.
“Por ordem de Jesus não contei o que aconteceu aqui, eu conheço Jesus, vou morrer tranquilo, contente e feliz”, justificou ele, ao explicar porque dormia com os corpos na casa.
Marcos Morandi
MIDIAMAX