Implantado há mais de uma década em Corumbá, o Assentamento São Gabriel, como os demais núcleos de pequenos produtores rurais do município, sofre com a falta de água potável devido à condição rochosa do solo. Os parceleiros já fizeram protestos para pressionar o Incra a construir poços artesianos nas comunidades. No São Gabriel, por exemplo, a água encanada servida pelo sistema de abastecimento, não chega para todas as 200 famílias.

Esta semana, no entanto, durante serviço de recuperação das vias do assentamento, realizadas na prefeitura, próximo à rodovia BR 262, uma fonte de água de água cristalina aflorou enquanto as máquinas escavam o solo para retirada de cascalho. “Com toda dificuldade que os produtores daqui enfrentam, esse achado é algo muito importante”, avaliou o prefeito Paulo Duarte, que visitou o local nessa segunda-feira.

“Nosso Pantanal é mesmo uma dádiva”, comemorou o prefeito. “Eu mesmo provei a água, que não é salobra. A água é incolor e inodora e se ficar comprovada que ela é potável, pode ser uma alternativa essencial para os moradores da região”, completou. A notícia logo se espalhou pelo assentamento. “Estamos num momento de grande alegria e de esperança”, disse o assentado Nivaldo Lima, 58, para quem a lagoa “é uma graça de Deus”.

Um técnico químico da Sanesul coletou amostras da água para verificar a sua qualidade para consumo humano e a vazão e ainda constatar se ela será suficiente para a utilização das famílias de assentados. Para preservar a nascente, equipes da secretaria municipal de Produção Rural e da Fundação de Meio Ambiente vão cercar a área, para impedir o acesso de animais e a poluição da fonte.

Incra ausente

A boa notícia alegrou os parceleiros. Na casa da líder comunitária Vera Batista, Paulo Duarte ainda conversou com os assentados sobre a descoberta e lembrou que o assentamento ainda não é emancipado pelo Incra, “o que significa dizer que o órgão deveria fazer tudo isso que a prefeitura está realizando aqui”. O prefeito disse que o município precisou intervir diante do drama vivido pela comunidade.

Segundo Vera Batista, o Incra abandonou o assentamento: “por causa do Incra, ficamos 11 meses sem médico aqui”. A líder comunitária disse que “a situação só não está pior porque a prefeitura nos ajuda, como agora, recuperando estradas que estavam intransitáveis”. Sobre a lagoa encontrada, comentou que a vida dos parceleiros pode mudar agora. “Não é só a gente que sofre com a falta de água, a criação também.”

O secretário municipal de Produção Rural, Pedro Lacerda, lembrou que a prefeitura ainda dá manutenção a outros sete assentamentos no município. “Como vocês podem comprovar, estamos trabalhando constantemente em todos os assentamentos. É claro que ainda tem muita coisa que precisa ser feita, mas também a prefeitura não tem condições de realizar tudo de uma única vez”, ressaltou.

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