Anvisa não recomenda uso de medicamento para cura de coronavírus; remédio acabou em farmácias da Capital

20/03/2020 14h49 - Atualizado há 4 anos

Procura por medicamento zerou estoques e quem precisa está sofrendo de dores

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Divulgação

Existem vários medicamentos que estão sendo testados para alcançarem a cura do coronavírus em todo o mundo, um deles é utilizado para o tratamento da malária. Por esse motivo, após a mídia internacional e nacional divulgar a possível cura do vírus, por meio da substância que contém hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento da Covid-19, muitos pacientes que sofrem de doenças autoimunes, e que fazem uso desse medicamento, não estão conseguindo comprar a medicação, pois ela já está em falta em algumas farmácias de Campo Grande. “Isso é muito grave, pois, além de não garantir a cura do coronavírus, por ainda estar em fase inicial da pesquisa, aqueles que realmente precisam da medicação estão ficando sem. Esses pacientes, se não conseguirem o remédio, vão ter fortes dores”, afirmou o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF), Renato Finotti Júnior. Em suas redes sociais, uma paciente, portadora de doença autoimune, divulgou o drama que está vivendo por não encontrar a medicação nas farmácias. “Eu faço uso contínuo da medicação para o controle da doença. Eu estou sem medicação hoje porque existe uma população sem bom senso e egoísta que simplesmente sumiu com as medicações das prateleiras das farmácias. Estão estocando uma medicação de tratamento de pessoas realmente doentes”, diz parte da reclamação da paciente. Donos de farmácias relataram ao Correio do Estado que estão com dificuldades de comprar o medicamento das indústrias. Após um pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Stanford anunciar, nesta quinta-feira (19), que obteve 100% de sucesso nos testes da combinação da hidroxicloroquina (um derivado da cloroquina) com azitromicina (anti-inflamatório), a corrida pelo medicamento, em Campo Grande, aumentou a ponto de zerar os estoques em farmácias. “Aconteceu uma corrida desenfreada. Mas não tem nada comprovado. Muita gente que tem lúpus, artrite, doenças fotos sensíveis e malária estão precisando desse medicação. Anvisa fez alerta que ele não é recomendado para tratamento do coronavírus”, alertou Finotti. Em nota, a Anvisa deslacrou que “não tem recomendação para uso dessa substância. Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da COVID-19. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo para prevenção à contaminação. Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde." *(Reportagem alterada às 13h31 para correção de informações).

Izabela Jornada - CORREIO DO ESTADO