Anvisa alerta para o uso da ivermectina, medicamento usado em Campo Grande

11/07/2020 09h41 - Atualizado há 4 anos

Capital aprovou na semana passada o protocolo para uso de hidroxicloroquina e ivermectina

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Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado

Fábio Oruê

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um alerta ontem (9) diante das notícias recentes de que algumas prefeituras pelo Brasil, inclusive Campo Grande, distribuirão o medicamento ivermectina como forma de tratamento do coronavírus. Capital aprovou o protocolo que usa a hidroxicloroquina e a ivermectina na semana passada.

Segundo o órgão, ligado ao Ministério da Saúde, o uso do medicamento não é recomendado para a Covid-19 e afirmou que "não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desse medicamento para o tratamento da Covid-19", diz a nota.

A Anvisa também reforçou que o uso de medicamentos sem orientação médica e sem provas de que realmente estão indicados para determinada doença traz uma série de riscos à saúde.

Em Mato Grosso do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) não adotou o protocolo de uso da hidroxicloroquina e ivermectina. Além disso, o Hospital Regional também não adotará o protocolo.

A ivermectina é um medicamento recomendado contra parasitas e, em estudos recentes, o remédio até mostrou resultados positivos contra uma ampla gama de vírus, mas a conclusão foi feita com base apenas em estudos in vitro, ou seja, sem a etapa seguinte de testes em humanos.

"Os resultados encontrados in vitro não podem ser tomados como verdadeiros in vivo", advertiu o órgão, acrescentando que há apenas um estudo em andamento no Brasil para a comprovação da eficácia do medicamento contra o coronavírus.

A iniciativa, porém, tem previsão de conclusão para julho de 2021 e não teve a anuência da Anvisa. O órgão ligado ao Ministério da Saúde ainda demonstrou preocupação.

“USADO PARA GADO”

Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, demonstrou preocupação com uso de diferentes tipos de remédios para o tratamento e prevenção do coronavírus, mas sem eficácia comprovada cientificamente.

“Deve se ter muito cuidado. Tem muitos que defendem a cloroquina, tem muitos que defendem a ivermectina, que é um remédio aqui no nosso Estado muito conhecido porque entrou pelo uso veterinário, depois foi para uso humano, então ele é muito usado para gado. Tem os que defendem o Anitta, tem outros que defendem a heparina, tem outros que defendem o corticoide”, disse Mandetta ao participar de audiência pública na Câmara da Capital. 

CORREIO DO ESTADO