Alunos de Medicina da UEMS fazem protesto em frente a governadoria
Eles estão sem aula há pouco mais de um mês
Estudantes do curso de Medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) foram até a Governadoria, na manhã desta sexta-feira (25), para protestar contra a falta de estrutura do curso. Eles, que estão sem aulas há pouco mais de um mês, reclamam que não há professores nem livros suficientes.
André Meyer Duchatsch, está no 3º ano de Medicina na instituição, e integra uma comissão que trata dos problemas enfrentados pelos estudantes. Ele disse que a intenção do protesto é tentar um diálogo com algum representante do governo, mas até o momento nada foi agendado.
Meyer explicou que, quando o curso foi inaugurado, em 2015, as condições para estudo eram mínimas. À época, não tinha campus e os acadêmicos tinham de usar o prédio da Estácio de Sá. Pouco tempo depois, o prédio da UEMS foi inaugurado, mas ainda sem estrutura necessária para o curso.
Segundo eles, não havia laboratórios de anatomia, histologia e análises clínicas. Por conta disso, foi feito um convênio para utilização de laboratórios particulares.
Em relação aos docentes, os estudantes contam que, o efetivo é escasso desde 2016. Na ocasião, os alunos fizeram mobilizações em busca da mudança deste cenário e conseguiram a promessa do governo da abertura de um concurso para contratação de 13 professores e inauguração um laboratório.
“Só que nada disso foi cumprido. Todas as as licitações que foram abertas foram fechadas logo em seguida”, disse.
Meyer declarou ainda que, a situação é crítica a ponto de não ter materiais básicos para aula como simuladores, peças anatômicas e lâminas. Além disso, outro problema apontado por ele é a falta de livros específicos disponíveis na biblioteca. Tanto quando se trata de quantidade quanto de variedade de títulos.
Vitória Oshiro Orro, que está no 4º ano, também reclama da falta de obras disponíveis. “Hoje não tem livro de ortopedia,cardiologia e nem neurologia”, lamentou. Segundo ela, a solução encontrada pelos estudantes é comprar livros no formato digital e compartilhar em um drive virtual acessível a todos. Ela reclama também da carência de professores especialistas nessas áreas. “Cheguei no 4º ano, o curso exige essas especialidades, mas não há professor”, finalizou.
Em decorrência de todos esses problemas, os alunos estão sem aulas há pouco mais de um mês.
RESPOSTA UEMS
A administração da UEMS enviou nota, por meio da assessoria de imprensa, em resposta ao protesto dos estudantes. Confira na íntegra:
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) informa que tem usado de todos os seus expedientes administrativos para possibilitar o adequado funcionamento dos seus cursos de graduação.
A Universidade esclarece que diversos cursos possuem demanda para concurso público. Para suprir o déficit de professores existente, a Universidade lançará, até o dia 25 de junho, em caráter emergencial, um edital com 50 vagas para professores de várias áreas para diversas Unidades Universitárias.
Os certames para os cursos de Pedagogia e Medicina, da Unidade de Campo Grande, foram adiantados por motivos externos à Universidade.
Em relação ao curso de Pedagogia, o concurso para a contratação de docentes foi aberto em março de 2018 para para que cumprisse solicitações do Ministério da Educação (MEC), referentes à abertura de um programa de Doutorado na Unidade de Campo Grande.
Em relação ao curso de Medicina, a UEMS esclarece que, por decisão do colegiado de professores do curso, apoiado pelo corpo discente, decidiu-se pela suspensão temporária das aulas.
Tal como ocorre em outros cursos, assim que foi constatada a necessidade de professores no curso de Medicina, a Universidade abriu processo seletivo para contratação temporária de docentes. Não só um, mas quatro processos seletivos. Estas seleções ajudaram a melhorar o quantitativo de docentes, mas não contaram com candidatos em número suficiente para sanar todas as demandas do curso.
Diante da impossibilidade de contratar os docentes via seleção de temporários, a Universidade decidiu, então, por antecipar a realização de um concurso para contratação de professores efetivos (a elaboração deste concurso já estava em andamento, mas com previsão de posse aos novos docentes no início de 2019). Neste momento o concurso, que conta com 10 vagas, encontra-se em fase de inscrições e os docentes aprovados iniciarão suas atividades já no início do segundo semestre de 2018. As inscrições podem ser feitas até o dia 30 de maio.
Além do concurso, a Universidade intensificou a articulação com Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Prefeitura Municipal de Campo Grande, a fim de conseguir a cedência de médicos capazes de atuar como docentes no curso. Através dessas parcerias interinstitucionais, já chegaram à Universidade três professores médicos e há possibilidade de aumentar o número de cedidos nas próximas semanas.
No que tange aos equipamentos reivindicados pelo curso, a Universidade informa que está em negociação com Secretaria de Estado de Saúde que ofereceu suporte à aquisição dos itens necessários às atividades acadêmicas.
Na última quarta-feira (23) foi realizada uma reunião com a SES, momento em que foi afirmado o compromisso do Governo do Estado com a Universidade, no sentido de se alcançar soluções imediatas aos problemas levantados.
Por MARESSA MENDONÇA E RENAN NUCCI - Correio do Estado
Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado