Ação coordenada em fronteiras de MS será laboratório para todo o País
Ações serão avaliadas no decorrer dos 10 dias de atuação previstos
Com cerca de 600 homens das forças federais de segurança (Exército e polícias Rodoviária e Federal e Força Nacional), a Operação Fronteira Segura, iniciada na manhã desta quinta-feira (20) em toda a costa sudoeste de Mato Grosso do Sul é vista pela cúpula nacional de Segurança Pública como laboratório da forma como proceder ações do tipo em todo o Brasil.
É o que garantiu Luciano Menin, delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal no Estado. O resultado das ações, após análise, servirão para fundamentar futuras ações do gênero em todo o território nacional, explicou.
O Ministério da Segurança Pública pretende utilizar o resultado obtido em Mato Grosso do Sul para pautar ações semelhantes em outras frentes, como as fronteiras de Paraná, Mato Grosso, Rondônia e Acre, além de rodovias federais, aeroportos e portos e até atuações excepcionais, como a intervenção no Rio de Janeiro. Essa última é questionada pelos resultados poucos expressivos.
Segundo Menin, o alvo da operação é minar a atuação das facções criminosas que traficam principal drogas e armas pelas fronteiras sul-mato-grossenses com Bolívia e Paraguai por meio de eventuais medidas repressivas pontuais.
Ainda de acordo com o delegado, as ações coordenadas em conjunto são pautadas pelos serviços de inteligência das forças presentes. O objetivo é que a operação tenha dez dias de duração. Todo o efetivo de locomoção será empregado, com helicpópteros, viaturas, barcos e armamento de grosso calibre.
HISTÓRICO NEGATIVO
Em agosto deste ano, o Correio do Estado, mostrou que, as cidades de fronteira em Mato Grosso do Sul batem “recorde” negativo, especialmente no que diz respeito à educação, saúde, economia e segurança pública. A informação é baseada em estudo feito pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF) em que as cidades de Bela Vista, Coronel Sapucaia, Corumbá, Mundo Novo, Paranhos, Ponta Porã e Porto Murtinho apresentam números até quatro vezes maiores que a média nacional.
Conforme o estudo, os números de homicídios e mortes por armas de fogo são os mais altos dentro do universo pesquisado. O índice de homicídios de Paranhos, por exemplo, é de 109,7, quase quatro vezes a média nacional, que é de 27,85 mortes para cada cem mil habitantes. O número de mortes por armas de fogo no município é de 58,51, quase três vezes a incidência de 20,31 registrada no País.
“Há uma correlação desses números, sendo que os dados de violência indicam que toda uma condição social que teria que vir antes - de educação, de saúde e de crescimento econômico - é falha, gerando esses indicadores preocupantes”, destacou Luciano Stremel Barros, presidente do IDESF.
PREJUÍZO
Em outra reportagem publicada no mês passado, o Correio do Estado mostrou que, os crimes de fronteira dão prejuízo de R$ 136 bilhões ao país.
No Mato Grosso do Sul, as ações policiais nas faixas de fronteiras com a Bolívia e Paraguai, apesar do volume crescente de apreensões feitas pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, e mesmo pela Polícia Militar, não têm sido suficientes para conter a entrada de contrabando de cigarros, eletrônicos, confecções e outros itens, e nem da drogas, como a cocaína e a maconha.
Segundo informações da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), no período de de janeiro a julho deste ano foram apreendidas no Estado cerca de 204 toneladas de maconha e pouco mais de uma tonelada de cocaína. Somente o DOF apreendeu 256,7 quilos de cocaína e 31,9 toneladas de maconha.
Enquanto isso, dados do Ministério da Segurança Pública indicam que, nos últimos 12 meses, no contexto da Operação Égide, executada pela PRF, foram apreendidos mais de 9 milhões de pacotes de cigarros vindos do Paraguai. Essas apreensões aconteceram dentro da área encabeçada por Mato Grosso do Sul, com a inclusão do Acre, Mato Grosso, Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul.
Se somada uma área de menor incidência, formada por Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o volume sobe para 11,3 milhões de pacotes.
Por RAFAEL RIBEIRO - Correio do Estado
Foto: Divulgação