Vaias, lágrimas e coelho da cartola: a noite da redenção de Valdívia no Inter
A noite de quinta-feira, 6 de abril de 2017, mexeu com Valdívia. Normalmente irreverente e descontraído, o meia-atacante não aguentou a pressão pela qual passa. De xodó dois anos atrás, passou a conviver com as críticas à medida que o Inter afundou no rebaixamento de 2016. E, após quase ser negociado com o Corinthians, conseguiu a redenção na vitória por 3 a 1 sobre o Cruzeiro-RS, com direito a golaço e choro em tom de desabafo.
Valdívia entrou aos 26 minutos do segundo tempo no lugar de Nico López, quando a partida ainda estava 1 a 0 para o Inter. Brenner marcou o segundo dele na noite e ampliou, mas Dão diminuiu aos 39. A situação ficava perigosa para os donos da casa. Porém, já nos descontos,o camisa 29 cobrou uma falta lateral com maestria e garantiu o resultado que dá tranquilidade mais ao confronto de volta. Na saída do gramado, não conteve a emoção e caiu no choro.
– (As lágrimas) Foram para tirar a tensão que eu tinha. Descarreguei tudo no choro. Foi um momento único. Só eu sei como é. Foi emoção mesmo – explicou após a partida.
A emoção tinha sentido. Afinal, o antigo queridinho da torcida hoje convive com desconfiança. Principalmente após o rebaixamento. As atuações irregulares, que o fazem oscilar entre a titularidade e o banco de reservas, culminaram em vaias até ao ter o nome anunciado nos alto-falantes do Beira-Rio.
– Eu procuro não escutar (as críticas) para não ficar mentalizado, mas não tenho como me esconder. Hoje (quinta-feira), antes de eu entrar, a torcida vaiou. Depois fiz o gol. Acho que calei a boca de muita gente que critica. Tenho muito a mostrar e vou mostrar – emendou.
Além das vaias, o garoto de 22 anos quase viu a estadia no Beira-Rio ser abreviada. A direção do Inter negociou com o Corinthians uma troca por Giovanni Augusto, que não foi sacramentada em razão de o meia do clube paulista rechaçar a mudança a Porto Alegre.
No meio disso, entra Antônio Carlos Zago. O treinador colorado não esconde a admiração pelo futebol do pupilo. Nas entrevistas, faz questão de frisar que Valdívia é um dos jogadores a quem mais se aproxima para conversar e transmitir conselhos. Segundo o chefe, ele não merece passar pelo momento atual de críticas.
– É um jogador que eu tenho um carinho especial, por conhecê-lo um pouco mais que os outros. É um menino que não merece passar pelo que vem passando. Até ontem era o pika tudo e hoje ele não é pika nenhuma. Acho injusta a cobrança em cima dele. É um patrimônio do clube. Em 2016, passou um ano difícil. Se não tivesse a lesão, com certeza teria jogado a Olimpíada. Vem procurando melhorar, e no final (do jogo), como todo grande jogador, tirou um coelho da cartola, que acredito que nenhum outro jogador teria feito daquela distância e batendo como ele bateu – destacou Zago na coletiva pós-jogo.
O gol foi o segundo de Valdívia na temporada em 14 partidas. Com o resultado, o Inter pode perder por um gol de diferença ou dois a partir do resultado de 4 a 2 que garante vaga às semifinais. Caso o Cruzeiro-RS vença por 2 a 0 ou a partir de três de diferença, estará classificado. Caso o Estrelado devolva o placar do Beira-Rio, a decisão será na cobrança de pênaltis. O confronto de volta está marcado para este domingo, às 16h, no Vieirão, em Gravataí.
Globo Esporte