Perdido, Diniz faz o Brasil passar por vergonha histórica. Segunda derrota seguida nas Eliminatórias. Seleção está em quinto lugar...
O Brasil sofreu nada menos do que 23 finalizações da Colômbia. Time perdido, utópico. Diniz abusou do direito de errar. Com esquema escancarado, em Barranquilla. Seleção escapou de ser goleada
Vexame por todos os ângulos.
Se Fernando Diniz afirmou que queria fazer história com a seleção, ele não mentiu.
Conseguiu.
Jamais o Brasil havia perdido dois jogos seguidos nas Eliminatórias Sul-Americanas, que costumam ser muito fáceis. Perdeu.
Com o time nacional perdido taticamente, com adaptações inexplicáveis, nascidas do desespero, da inadequação a um cargo tão alto, tão exigente.
Depois de fracassar diante do Uruguai, o novo motivo de constrangimento: primeira derrota da história para a Colômbia em Eliminatórias, 2 a 1, em Barranquilla.
Com o time sofrendo 23 finalizações.
Em português claro, o Brasil, com seu time principal, permitiu que os colombianos dessem 23 arremates ao gol de Alisson. Contra apenas 11 do país pentacampeão do mundo.
A seleção por vários momentos da partida atuou, apesar de todo o modernismo do 'dinizismo', amado pela mídia carioca, nos anos 70.
Com quatro zagueiros, dois volantes e quatro atacantes.
Sim, sem meias de armação para controlar, articular a parte ofensiva. Diniz poderia ter colocado oito atacantes, sem ter quem entregue a bola, controle o ritmo de jogo, de nada adianta.
Além disso, ele viu, passivo, André ser sacrificado pela péssima atuação de Bruno Guimarães. E dos piores laterais a vestirem a camisa da seleção: Emerson Royal e Renan Lodi.
Diniz colaborou de maneira bizarra ao tirar o melhor jogador brasileiro em campo: Rodrygo.
A Colômbia fez o que quis, com um plano tático simples, de Néstor Lorenzo. O de aproveitar o ambiente e sufocar o Brasil, principalmente pelas laterais. Com triangulações, mal marcadas pela superioridade de atletas brasileiros no sistema defensivo.
O Brasil jogou muito bem três minutos do primeiro tempo, quando Martinelli conseguiu marcar 1 a 0 e deu a falsa impressão que tudo sairia como Diniz sonhara. Mas bastou os colombianos perceberem que tinham as intermediárias à disposição e diante de laterais fracos, que começou o sufoco, o desespero.
E a virada com dois gols de Diaz, jogador do Liverpool, que teve os pais sequestrados pelo Exército de Libertação Nacional, organização guerrilheira colombiana. Depois de muita negociação, eles foram soltos. A troco de que é um sigilo.
A entrevista de Diniz foi também desastrosa.
"A equipe perdeu duas partidas e isso é muito ruim, mas eu acho que o tanto que o time mexeu, as mudanças que teve da Copa do Mundo para cá, com pouco de tempo pra treinar, eu acho que tem que levar em consideração isso e olhar pro lado positivo, das coisas positivas que teve hoje aqui. Então acho que as coisas para corrigir são mais fáceis de serem corrigidas do que aquelas que a gente precisava corrigir do Uruguai para cá."
E ele terá de corrigir contra a Argentina, na próxima terça-feira, no Maracanã.
Diniz não conseguiu fugir da pergunta óbvia. Sobre o estranho motivo que o fez tirar Rodrygo da partida, se ele era o melhor da seleção contra a Colômbia.
"O Rodrygo estava fazendo uma boa partida. A gente tirou por achar que ele estava sentindo um pouco o calor, um pouco de cansaço. Estava perdendo um pouco de mobilidade. Tiramos por conta disso. E fazer uma análise de que tiramos o Rodrygo e tomamos os gols, acho que é demais, né? Tomou dois gols de cruzamento, o que o Rodrygo poderia fazer nos dois gols que a gente tomou? Esse tipo de comentário de que você tira um jogador e não tem nada a ver com os gols da Colômbia. Eles já tinham tido outras chances e não tem a ver com a saída do Rodrygo."
Lógico que a pergunta não estava relacionada aos cruzamentos, mas à substituição. Diniz quis desviar o foco do seu grande erro.
Como era esperado, Diniz se escorou na ausência de Neymar, que sofreu cirurgia no joelho esquerdo, e de Vinicius Júnior, que se contundiu e saiu ainda no primeiro tempo.
"[A falta deles] é o mesmo que a Colômbia jogar sem ter o seu melhor jogador."
Alysson, irritado com a derrota, não conseguiu ser tão hábil com as explicações pela derrota.
Foi direto:
"Foram dois cruzamentos em que dormimos na situação", dizia, explicando os gols de Diaz.
"Óbvio que não está bom. Hoje foi desafio enorme aqui contra a Colômbia, equipe muito física, muito agressiva. Sempre lidamos bem com calor e pressão, é difícil jogar aqui. Se não me engano, nas últimas vezes empatamos.
"Isso mostra o quão difícil é jogar aqui. Eles já eram equipe contínua de bons resultados. Desequilibram no físico. Hoje um jogador decidiu, com gols pelo alto. Fizeram muitos cruzamentos, e isso é algo que temos que melhorar muito para esse tipo de jogo."
O pior é o péssimo futebol, o descontrole tático, as substituições.
A entrada do ponta Pepê, que costuma atacar pela direita, para substituir o lateral-esquerdo Renan Lodi, foi algo perto do inacreditável.
O alto-comando da CBF tem a certeza absoluta de que Carlo Ancelotti assumirá assim que terminar a temporada 2023/24 europeia. Ele não renovará com o Real Madrid e comandará a seleção já a partir de junho.
Por mais que tenha vencido a Libertadores, Diniz não está pronto para a seleção. Não consegue lidar com a pressão, com as cobranças dos jogos. Ele tem tido toda a liberdade para convocar, para montar "seu time" com os atletas que quiser. Com a formação tática que melhor entender.
O resultado tem sido desastroso.
Venceu a fraca Bolívia por 5 a 1, depois venceu o Peru, por 1 a 0, já de forma injusta.
Veio a derrocada.
Empate com a Venezuela, em Cuiabá.
E derrotas para o Uruguai, em Montevidéu, e diante da Colômbia, em Barranquilla.
Em cinco partidas das Eliminatórias Sul-Americanas, o Brasil é o quinto colocado.
Posição vergonhosa, diante do fraco nível dos adversários.
'Dinizismo' é motivo de humilhação para a seleção...
COSME RÍMOLI | Do R7