Perdido, Diniz faz o Brasil passar por vergonha histórica. Segunda derrota seguida nas Eliminatórias. Seleção está em quinto lugar...

17/11/2023 09h31 - Atualizado há 11 mêses

O Brasil sofreu nada menos do que 23 finalizações da Colômbia. Time perdido, utópico. Diniz abusou do direito de errar. Com esquema escancarado, em Barranquilla. Seleção escapou de ser goleada

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MAURICIO DUEÑAS CASTAÑEDA/EFE - 16.11.2023

Vexame por todos os ângulos.

Se Fernando Diniz afirmou que queria fazer história com a seleção, ele não mentiu.

Conseguiu.

Jamais o Brasil havia perdido dois jogos seguidos nas Eliminatórias Sul-Americanas, que costumam ser muito fáceis. Perdeu.

Com o time nacional perdido taticamente, com adaptações inexplicáveis, nascidas do desespero, da inadequação a um cargo tão alto, tão exigente.

Depois de fracassar diante do Uruguai, o novo motivo de constrangimento: primeira derrota da história para a Colômbia em Eliminatórias, 2 a 1, em Barranquilla.

Com o time sofrendo 23 finalizações.

Em português claro, o Brasil, com seu time principal, permitiu que os colombianos dessem 23 arremates ao gol de Alisson. Contra apenas 11 do país pentacampeão do mundo.

A seleção por vários momentos da partida atuou, apesar de todo o modernismo do 'dinizismo', amado pela mídia carioca, nos anos 70.

Com quatro zagueiros, dois volantes e quatro atacantes.

Sim, sem meias de armação para controlar, articular a parte ofensiva. Diniz poderia ter colocado oito atacantes, sem ter quem entregue a bola, controle o ritmo de jogo, de nada adianta.

Além disso, ele viu, passivo, André ser sacrificado pela péssima atuação de Bruno Guimarães. E dos piores laterais a vestirem a camisa da seleção: Emerson Royal e Renan Lodi.

Diniz colaborou de maneira bizarra ao tirar o melhor jogador brasileiro em campo: Rodrygo.

A Colômbia fez o que quis, com um plano tático simples, de Néstor Lorenzo. O de aproveitar o ambiente e sufocar o Brasil, principalmente pelas laterais. Com triangulações, mal marcadas pela superioridade de atletas brasileiros no sistema defensivo.

O Brasil jogou muito bem três minutos do primeiro tempo, quando Martinelli conseguiu marcar 1 a 0 e deu a falsa impressão que tudo sairia como Diniz sonhara. Mas bastou os colombianos perceberem que tinham as intermediárias à disposição e diante de laterais fracos, que começou o sufoco, o desespero.

E a virada com dois gols de Diaz, jogador do Liverpool, que teve os pais sequestrados pelo Exército de Libertação Nacional, organização guerrilheira colombiana. Depois de muita negociação, eles foram soltos. A troco de que é um sigilo.

A entrevista de Diniz foi também desastrosa.

"A equipe perdeu duas partidas e isso é muito ruim, mas eu acho que o tanto que o time mexeu, as mudanças que teve da Copa do Mundo para cá, com pouco de tempo pra treinar, eu acho que tem que levar em consideração isso e olhar pro lado positivo, das coisas positivas que teve hoje aqui. Então acho que as coisas para corrigir são mais fáceis de serem corrigidas do que aquelas que a gente precisava corrigir do Uruguai para cá."

E ele terá de corrigir contra a Argentina, na próxima terça-feira, no Maracanã.

Diniz não conseguiu fugir da pergunta óbvia. Sobre o estranho motivo que o fez tirar Rodrygo da partida, se ele era o melhor da seleção contra a Colômbia.

"O Rodrygo estava fazendo uma boa partida. A gente tirou por achar que ele estava sentindo um pouco o calor, um pouco de cansaço. Estava perdendo um pouco de mobilidade. Tiramos por conta disso. E fazer uma análise de que tiramos o Rodrygo e tomamos os gols, acho que é demais, né? Tomou dois gols de cruzamento, o que o Rodrygo poderia fazer nos dois gols que a gente tomou? Esse tipo de comentário de que você tira um jogador e não tem nada a ver com os gols da Colômbia. Eles já tinham tido outras chances e não tem a ver com a saída do Rodrygo."

Lógico que a pergunta não estava relacionada aos cruzamentos, mas à substituição. Diniz quis desviar o foco do seu grande erro.

Como era esperado, Diniz se escorou na ausência de Neymar, que sofreu cirurgia no joelho esquerdo, e de Vinicius Júnior, que se contundiu e saiu ainda no primeiro tempo.

"[A falta deles] é o mesmo que a Colômbia jogar sem ter o seu melhor jogador."

Alysson, irritado com a derrota, não conseguiu ser tão hábil com as explicações pela derrota.

Foi direto:

"Foram dois cruzamentos em que dormimos na situação", dizia, explicando os gols de Diaz.

"Óbvio que não está bom. Hoje foi desafio enorme aqui contra a Colômbia, equipe muito física, muito agressiva. Sempre lidamos bem com calor e pressão, é difícil jogar aqui. Se não me engano, nas últimas vezes empatamos.

"Isso mostra o quão difícil é jogar aqui. Eles já eram equipe contínua de bons resultados. Desequilibram no físico. Hoje um jogador decidiu, com gols pelo alto. Fizeram muitos cruzamentos, e isso é algo que temos que melhorar muito para esse tipo de jogo."

O pior é o péssimo futebol, o descontrole tático, as substituições.

A entrada do ponta Pepê, que costuma atacar pela direita, para substituir o lateral-esquerdo Renan Lodi, foi algo perto do inacreditável.

O alto-comando da CBF tem a certeza absoluta de que Carlo Ancelotti assumirá assim que terminar a temporada 2023/24 europeia. Ele não renovará com o Real Madrid e comandará a seleção já a partir de junho.

Por mais que tenha vencido a Libertadores, Diniz não está pronto para a seleção. Não consegue lidar com a pressão, com as cobranças dos jogos. Ele tem tido toda a liberdade para convocar, para montar "seu time" com os atletas que quiser. Com a formação tática que melhor entender.

O resultado tem sido desastroso.

Venceu a fraca Bolívia por 5 a 1, depois venceu o Peru, por 1 a 0, já de forma injusta.

Veio a derrocada.

Empate com a Venezuela, em Cuiabá.

E derrotas para o Uruguai, em Montevidéu, e diante da Colômbia, em Barranquilla.

Em cinco partidas das Eliminatórias Sul-Americanas, o Brasil é o quinto colocado.

Posição vergonhosa, diante do fraco nível dos adversários.

'Dinizismo' é motivo de humilhação para a seleção...

COSME RÍMOLI | Do R7