Olimpíada de Paris: preso por estupro de criança, holandês vai disputar os Jogos
Steven van de Velde, condenado a quatro anos de prisão, foi solto em 2017
Um jogador de vôlei de praia holandês, preso há dez anos por estuprar uma criança, vai representar a Holanda nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Steven van de Velde, atualmente com 29 anos, foi condenado a quatro anos de prisão em 2014 por estuprar uma garota que tinha 12 anos, de acordo com a imprensa britânica. Ele foi solto em 2017.
Agora, Van de Velde foi selecionado para federação holandesa para disputar o vôlei de praia na Olimpíada de Paris.
“Nós sabemos da história de Steven”, afirmou Michel Everaert, diretor geral da Nevobo, a Federação Holandesa de Vôlei, em uma nota oficial.
“Totalmente reintegrado à comunidade do vôlei”
Everaert disse ainda que a federação conversou extensivamente com o Comitê Olimpíco Holandês (NOC, na sigla original), a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e com o próprio Van de Velde antes de seu retorno ao esporte.
"Ele foi condenado na época, pela lei da Inglaterra, e cumpriu sua pena. Desde então, mantivemos contato constante com Steven, que agora está totalmente reintegrado à comunidade holandesa do vôlei", Michel Everaert, diretor geral da Nevobo.
Van de Velde cumpriu parte de sua pena na Inglaterra, onde cometeu o crime, antes de ser transferido para a Holanda. Ele foi solto em 2017 e voltou a jogar no mesmo ano, de acordo com a Nevobo.
“Foi o maior erro da minha vida”
Em 2018, Van de Velde falou ao canal público NOS: “Eu fiz o que fiz. Não posso voltar atrás, então terei que arcar com as consequências. Você pode julgar, é claro. Foi o maior erro da minha vida”.
“Ele está provando ser um profissional e um ser humano exemplar e não há motivos para duvidar dele desde seu retorno”, defendeu Everaert.
De acordo com a federação, Van de Velde está ciente de que esse “período obscuro de sua vida” voltaria agora “mas obviamente não está feliz com isso”.
“Despreparado para uma vida de atleta de alto nível”
No comunicado enviado pela Nevobo, o jogador disse que está grato pela chance recebida.
"Eu entendo que, com a proximidade do maior evento esportivo do mundo, isso pode atrair a atenção da mídia internacional. Por causa da segunda chance que recebi dos meus pais, meus amigos, conhecidos e colegas, que me aceitaram de novo depois do maior passo em falso da minha então jovem vida", Steven van de Velde, jogador de vôlei de praia da Holanda.
Van de Velde ainda agradeceu a federação de vôlei holandesa.
"Eles me ofereceram, com condições claras e acordos, um futuro neste lindo esporte, de novo. Mas também penso no adolescente que fui, inseguro, despreparado para uma vida de atleta de alto nível e infeliz por por dentro, por não saber quem eu era e o que eu queria", Steven van de Velde.
Chance de reincidência é “nula”, avalia Comitê
A Nevobo e o Comitê Olímpico Holandês disseram em um comunicado que apoiam Van de Velde, acrescentando que, junto com a FIVB, consultaram especialistas que consideraram a chance de reincidência “nula”.
“Após sua condenação e sentença, Steven van de Velde retornou ao alto nível do esporte, degrau a degrau, sob a orientação de especialistas em liberdade condicional e coaching, entre outros. Ele vem participando de torneios internacionais de volta desde 2017”, afirmou a Nevobo.
COI diz que responsabilidade é do Comitê Olímpico Holandês
O Comitê Olímpico Holandês acrescentou que Van de Velde voltou ao esporte profissional com base em suas diretrizes, “que estabelece, entre outras coisas, as condições em que os atletas do esporte de alto nível podem regressar após uma condenação”.
“Van de Velde agora atende a todos os requisitos de qualificação para os Jogos Olímpicos e, portanto, faz parte da equipe”, disse o comitê.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse à CNN que “a indicação de membros individuais da equipe, seguindo a classificação no campo de jogo, é de responsabilidade exclusiva do respectivo Comitê Olímpico Nacional. Portanto, qualquer informação adicional deve sair do Comitê da Holanda”.
Amy Woodyatt da CNN