Neymar na Seleção Brasileira: prós e contras

18/10/2024 04h27 - Atualizado há 4 dias

O que o craque acrescenta ao time e no que ele pode atrapalhar

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Neymar durante Brasil x Bolívia no Estadio Mangueirão, em setembro de 2023 • Vitor Silva/CBF

Nesta quinta-feira, 17 de outubro de 2024, fechou um ano da grave lesão sofrida pelo craque brasileiro Neymar. Foi no jogo contra o Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, em Montevidéu, que o atacante teve ruptura do ligamento cruzado anterior e do menisco do joelho esquerdo.

A efeméride reacende uma questão que mexe com a cabeça do torcedor brasileiro: a Seleção Brasileira precisa ou não de Neymar?

Para mim, precisa – e muito. Ele segue sendo o único jogador nacional que justifica o adjetivo de craque. Seu repertório individual é muito superior ao de Vini Jr., por exemplo, o segundo na atual hierarquia de jogadores brasileiros.

Os números traduzem a importância de Neymar para o futebol do Brasil. Neste ano de afastamento do jogador, a Seleção fez 14 partidas, com três derrotas, cinco empates e seis vitórias, aproveitamento de pontos de 54,7%.

Neymar começou a jogar pela Seleção em 2010 e participou de 189 jogos. Com ele, o Brasil soma 78,6% dos pontos disputados. Sem ele, 63,3%. Neymar é o artilheiro da Seleção em partidas contra equipes nacionais, com 79 gols. Pelé fez 95, contabilizados confrontos diante de combinados nacionais e clubes.

Há prós e contras quando Neymar volta a ser convocável.

Os prós mais óbvios são suas qualidades indiscutíveis. Ele é o mais artilheiro, o mais habilidoso e no contexto dos jogadores que estão sendo convocados, o mais experiente. É natural que seja a referência técnica de uma equipe jovem, em pleno processo de transição de gerações. Um adversário que enfrente uma equipe com Neymar, fará necessariamente uma preparação defensiva diferente.

Entre os contras mais evidentes estão o estilo de vida do jogador — um direito inalienável dele. Neymar é uma estrela. Essa condição interfere nas relações entre os jogadores, no clima do vestiário. Não há espaço para hipocrisia nesse aspecto. Em qualquer ramo de atividade, as estrelas recebem tratamento diferenciado.

O segredo está em como administrar essa situação com aqueles que não gozam dessas prerrogativas. É quando verdadeiros líderes aparecem. Nesse ponto, Neymar ainda não provou ser capaz de exercer essa liderança. Para piorar, ele anda com um séquito, os famosos parças, um grupo que cria situações que geram fofocas, polêmicas etc. Sem contar a presença constate de seu pai, também um ponto gerador de atritos.

A vaidade entre profissionais de sucesso planetário não pode ser ignorada. Ainda mais no caso de Neymar, um adulto jovem que é narcisista juramentado e faz da exposição um padrão de comportamento.

Se a capacidade individual ajuda — e muito — o jeito de jogar de Neymar pode criar problemas. Ele adora ser protagonista. Sempre foi. Mas aos 32 anos e após uma grave lesão, seu comportamento técnico e tático em campo passará por alterações no aspecto atlético.

É bastante provável que ele precise jogar mais para o time do que para ele. Caso aceite essa condição, suas muitas qualidades individuais serão adaptadas a novas situações. Em vez das arrancadas e dribles para fazer gols, devem aparecer passes e tabelas para que outros sejam goleadores. A participação menor em duelos individuais ajudaria a preservar o físico de pancadas e lesões por choques. Além de fazer pensar os marcadores, que terão que adaptar suas funções para uma nova situação.

Neymar certamente é ídolo de jogadores como Vini, Rodrygo, Endrick e Estevão. Não se tem notícia de atritos entre ele e os mais jovens, que sempre manifestaram publicamente sua admiração.

Enfim, analisando prós e contras, Neymar segue sendo imprescindível. Por mais que muita gente deteste seu estilo de vida, seu padrão estético e seu comportamento fora e dentro de campo, não apareceu um outro jogador brasileiro que se aproxime dele.

O que nos resta, como torcedores, é, obviamente, torcer para que o jogador tenha sentido saudade do futebol neste ano de afastamento e coloque como prioridade a oportunidade de disputar mais uma Copa do Mundo em alto nível.

A escolha é dele.

Blog Maurício Noriega - CNN