‘Não caiu a ficha’, diz skatista Rayssa Leal, ainda sem noção de como virou referência tão nova

25/07/2024 04h58 - Atualizado há 4 mêses

Atleta de 16 anos compete neste domingo (28) em Paris na luta pela sua segunda medalha olímpica, já que conquistou a prata em Tóquio

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Aos 16 anos, Rayssa chega para disputar as Olimpíadas pela segunda vez

Julio Detefon/Reprodução Instagram @rayssalealsk8

No próximo domingo, dia 28, a “veterana” Rayssa Leal, de apenas 16 anos, entra nas pistas de Paris para tentar realizar um sonho.

“Quero trazer o ouro para o Brasil, ter aquela sensação de subir no pódio em primeiro lugar, ver a bandeira subir, o hino do Brasil tocando”, conta a medalhista de prata no skate street em Tóquio-2021, quando tinha apenas 13 anos.

Como Fadinha, apelido que ganhou por viralizar em um vídeo andando de skate aos 8, a skatista tem a maturidade de saber que ainda tem tempo para alcançar esse desejo.

“Pode ser na próxima, na próxima, na próxima, na próxima... Mas quero ter uma medalha de ouro olímpica”, avisa.

A skatista é embaixadora da Liga Esportiva Nescau e, antes de viajar para Paris, conversou com a imprensa. O R7 foi um dos veículos de comunicação que participaram do encontro.

Mesmo conhecida no mundo e uma das grandes esperanças de medalha para o Brasil na França, Rayssa diz que até hoje não tem noção do que representa para o esporte e para outras meninas e mulheres.

“Eu tento entender tudo que faço pelo meu esporte, pelas mulheres, pelas meninas, mas não caiu a ficha de como, tão nova, fiz tudo isso. Porque, para mim, é só uma diversão”, explica a menina.

As falas são maduras para os seus 16 anos, mas Rayssa garante que é uma adolescente como as outras. “A gente continua indo para os aniversários, para as festas que tem que ir, para a escola. Enfim, fazendo as coisas que toda adolescente faz”, explica.

Confira os principais trechos da entrevista com Rayssa Leal:

Os sonhos de Rayssa

“Tenho alguns sonhos, na verdade. É claro que um deles é a medalha olímpica de ouro nas próximas Olimpíadas. Pode ser na próxima, na próxima, na próxima, na próxima... Mas quero ter uma medalha de ouro. Outro sonho é ir para Grécia. Sempre foi um sonho meu, porque acho muito bonito.”

Skate é um estilo de vida

“Quando eu era pequena, nem sabia que skate era esporte. Quando eu subi em um pela primeira vez, pensei: ‘Caramba, que coisa legal’. Na minha cabeça, era um carrinho, só que um carrinho grande.

O skate é bem diferente. Falo que o skate não é um esporte, é um estilo de vida. Eu, como skatista, não treino. Eu só ando de skate. É óbvio que tenho as manobras que preciso dar ao longo do dia para colocar na base e chegar no campeonato importante e arriscar. Eu me divirto.”

O medo de competir

“Acho que cada um tem uma meta, e eu quero trazer o ouro para o Brasil. Ter aquela sensação de subir no pódio no primeiro lugar, ver a bandeira subir, o hino do Brasil tocando, é uma coisa totalmente diferente. É isso que eu quero. Quero evoluir mais para poder acertar umas manobras difíceis, porque é assim que funciona no skate.

Tenho que ir sem medo, porque a Olimpíada é a cada quatro anos. A gente tem poucas oportunidades na vida. O que quero, de verdade, é ir sem medo, dar o meu melhor. E, claro, me divertir.”

Diferença da Rayssa de Tóquio e a de Paris

“Meu corpo mudou bastante, eu cresci muito. Estou muito alta.”

Inspiração para outras meninas

“Para mim, é meio que uma loucura, porque tudo aconteceu muito rápido. Ir para a pista, ver as meninas andando e falando: ‘Eu comecei a andar por sua causa, te vi na Olimpíada’. Tenho muito como inspiração a Letícia Bufoni.

Eu via os vídeos dela, a via competindo nos campeonatos. Para mim, era muito bonito ela andando de skate, o estilo, o jeito que se vestia, o jeito que ela andava era bem diferente do que as outras meninas andavam. Eu a tinha como inspiração.

Ser inspiração para outras meninas, para mim, é muito especial. Ter inspiração, de verdade, motiva muito no dia a dia. E ser inspiração me motiva para continuar competindo, andando de skate.”

Trabalho ou diversão

“Eu tento entender tudo que faço pelo meu esporte, pelas mulheres, pelas meninas, mas não caiu a ficha de como, tão nova, fiz tudo isso. Porque, para mim, é só uma diversão e, querendo ou não, com o passar do tempo acaba virando meio que um trabalho.

Porque, é óbvio, a gente viaja para andar de skate, para competir, conhece vários lugares novos. Falo que é uma diversão com responsabilidade. Acho que não vai cair a ficha tão cedo, na verdade, mas fico muito feliz de ser referência para muitas meninas.”

Vida de adolescente

“Tenho a minha rotina de todo dia. Vou para escola, saio da escola, vou para academia, tenho aula, atividade e depois eu vou andar de skate. Menos no sábado. É uma rotina muito divertida para mim.

A agenda é bem corrida, porque tem muitos campeonatos, mas eu gosto. Amo andar de skate. Então, tudo se torna mais fácil, e ainda estar com a minha família é mais fácil ainda.

Cada lugar é uma experiência diferente. Falo que sou muito privilegiada por conhecer tantos lugares tão nova. Mas acho que continuo a mesma adolescente.

Claro que tenho algumas diferenças com outras adolescentes normais, mas a minha família e meus amigos, que são muito próximos a mim, não deixam isso ser diferente. A gente continua indo para os aniversários, para as festas que tem que ir, para a escola. Enfim, fazendo as coisas que toda adolescente faz.”

E quando crescer...

“Quando eu era pequeninha, tinha o sonho de ser veterinária. Acho que, quando eu for maior, quero me formar só para realizar esse sonho de criança.”

Carla Canteras, do R7