‘Não caiu a ficha’, diz skatista Rayssa Leal, ainda sem noção de como virou referência tão nova
Atleta de 16 anos compete neste domingo (28) em Paris na luta pela sua segunda medalha olímpica, já que conquistou a prata em Tóquio
No próximo domingo, dia 28, a “veterana” Rayssa Leal, de apenas 16 anos, entra nas pistas de Paris para tentar realizar um sonho.
“Quero trazer o ouro para o Brasil, ter aquela sensação de subir no pódio em primeiro lugar, ver a bandeira subir, o hino do Brasil tocando”, conta a medalhista de prata no skate street em Tóquio-2021, quando tinha apenas 13 anos.
Como Fadinha, apelido que ganhou por viralizar em um vídeo andando de skate aos 8, a skatista tem a maturidade de saber que ainda tem tempo para alcançar esse desejo.
“Pode ser na próxima, na próxima, na próxima, na próxima... Mas quero ter uma medalha de ouro olímpica”, avisa.
A skatista é embaixadora da Liga Esportiva Nescau e, antes de viajar para Paris, conversou com a imprensa. O R7 foi um dos veículos de comunicação que participaram do encontro.
Mesmo conhecida no mundo e uma das grandes esperanças de medalha para o Brasil na França, Rayssa diz que até hoje não tem noção do que representa para o esporte e para outras meninas e mulheres.
“Eu tento entender tudo que faço pelo meu esporte, pelas mulheres, pelas meninas, mas não caiu a ficha de como, tão nova, fiz tudo isso. Porque, para mim, é só uma diversão”, explica a menina.
As falas são maduras para os seus 16 anos, mas Rayssa garante que é uma adolescente como as outras. “A gente continua indo para os aniversários, para as festas que tem que ir, para a escola. Enfim, fazendo as coisas que toda adolescente faz”, explica.
Confira os principais trechos da entrevista com Rayssa Leal:
Os sonhos de Rayssa
“Tenho alguns sonhos, na verdade. É claro que um deles é a medalha olímpica de ouro nas próximas Olimpíadas. Pode ser na próxima, na próxima, na próxima, na próxima... Mas quero ter uma medalha de ouro. Outro sonho é ir para Grécia. Sempre foi um sonho meu, porque acho muito bonito.”
Skate é um estilo de vida
“Quando eu era pequena, nem sabia que skate era esporte. Quando eu subi em um pela primeira vez, pensei: ‘Caramba, que coisa legal’. Na minha cabeça, era um carrinho, só que um carrinho grande.
O skate é bem diferente. Falo que o skate não é um esporte, é um estilo de vida. Eu, como skatista, não treino. Eu só ando de skate. É óbvio que tenho as manobras que preciso dar ao longo do dia para colocar na base e chegar no campeonato importante e arriscar. Eu me divirto.”
O medo de competir
“Acho que cada um tem uma meta, e eu quero trazer o ouro para o Brasil. Ter aquela sensação de subir no pódio no primeiro lugar, ver a bandeira subir, o hino do Brasil tocando, é uma coisa totalmente diferente. É isso que eu quero. Quero evoluir mais para poder acertar umas manobras difíceis, porque é assim que funciona no skate.
Tenho que ir sem medo, porque a Olimpíada é a cada quatro anos. A gente tem poucas oportunidades na vida. O que quero, de verdade, é ir sem medo, dar o meu melhor. E, claro, me divertir.”
Diferença da Rayssa de Tóquio e a de Paris
“Meu corpo mudou bastante, eu cresci muito. Estou muito alta.”
Inspiração para outras meninas
“Para mim, é meio que uma loucura, porque tudo aconteceu muito rápido. Ir para a pista, ver as meninas andando e falando: ‘Eu comecei a andar por sua causa, te vi na Olimpíada’. Tenho muito como inspiração a Letícia Bufoni.
Eu via os vídeos dela, a via competindo nos campeonatos. Para mim, era muito bonito ela andando de skate, o estilo, o jeito que se vestia, o jeito que ela andava era bem diferente do que as outras meninas andavam. Eu a tinha como inspiração.
Ser inspiração para outras meninas, para mim, é muito especial. Ter inspiração, de verdade, motiva muito no dia a dia. E ser inspiração me motiva para continuar competindo, andando de skate.”
Trabalho ou diversão
“Eu tento entender tudo que faço pelo meu esporte, pelas mulheres, pelas meninas, mas não caiu a ficha de como, tão nova, fiz tudo isso. Porque, para mim, é só uma diversão e, querendo ou não, com o passar do tempo acaba virando meio que um trabalho.
Porque, é óbvio, a gente viaja para andar de skate, para competir, conhece vários lugares novos. Falo que é uma diversão com responsabilidade. Acho que não vai cair a ficha tão cedo, na verdade, mas fico muito feliz de ser referência para muitas meninas.”
Vida de adolescente
“Tenho a minha rotina de todo dia. Vou para escola, saio da escola, vou para academia, tenho aula, atividade e depois eu vou andar de skate. Menos no sábado. É uma rotina muito divertida para mim.
A agenda é bem corrida, porque tem muitos campeonatos, mas eu gosto. Amo andar de skate. Então, tudo se torna mais fácil, e ainda estar com a minha família é mais fácil ainda.
Cada lugar é uma experiência diferente. Falo que sou muito privilegiada por conhecer tantos lugares tão nova. Mas acho que continuo a mesma adolescente.
Claro que tenho algumas diferenças com outras adolescentes normais, mas a minha família e meus amigos, que são muito próximos a mim, não deixam isso ser diferente. A gente continua indo para os aniversários, para as festas que tem que ir, para a escola. Enfim, fazendo as coisas que toda adolescente faz.”
E quando crescer...
“Quando eu era pequeninha, tinha o sonho de ser veterinária. Acho que, quando eu for maior, quero me formar só para realizar esse sonho de criança.”
Carla Canteras, do R7