Murer esquece trauma na China, iguala melhor marca e é prata no Mundial
Todos sabiam que Fabiana Murer carregava a maior chance de medalha do Brasil no Mundial de Atletismo de Pequim. Mas, com sua história com o Ninho do Pássaro ainda viva na memória, era difícil evitar colocar um asterisco quando se falava da brasileira como favorita na prova de salto com vara. Essa apreensão, porém, era desnecessária.
A campeã mundial de 2011 mostrou porque é uma das principais atletas da prova nos últimos dez anos. Saltando com convicção, ela conquistou o vice-campeonato do salto com vara, repetindo a melhor marca da sua carreira. E agora acumula quatro medalhas em mundiais: no Mundial indoor, ela também é campeã mundial indoor, em 2010, e tem um bronze, de 2008.
Para chegar à medalha de prata, superou algumas das melhores do mundo. Incluindo a norte-americana Jennifer Suhr, atual campeã olímpica, que não passou dos 4,80m, e a grega Nikoléta Kyriakopoulou, que chegou à China como a segunda melhor do ano (com 4,83m).
A única que bateu a brasileira foi Yarisley Silva. A cubana entrou no campeonato como campeã mundial indoor de 2014, ouro no Pan de Toronto (vencendo Murer) e líder do ranking de 2015, com 4,91m. Para vencer, saltou 4,90m, após falhar em suas duas primeiras tentativas. Ainda tentou quebrar o recorde do campeonato, saltando 5,01m. Não conseguiu. O recorde mundial é de Yelena Isinbaeva, com 5,06m.
No Ninho do Pássaro, o local do maior trauma de sua carreira, há sete anos, nos Jogos Olímpicos, Fabiana fez algo que nenhum brasileiro em Pequim tinha conseguido até agora: a melhor marca de sua carreira. Ela não chegava aos 4,85m há quatro anos. Com isso, ela igualou o recorde sul-americano, dela mesmo, de 2010 (que já tinha sido igualado na final do Mundial de 2011).
Antes dela, Tiago Brás chegou ao Mundial como o quarto melhor do ano no salto com vara masculino. Ele, porém, falhou nas eliminatórias e nem mesmo se classificou para a decisão.
Para quem não lembra, em Pequim-2008 a brasileira chegou com chances grandes de conquistar uma inédita medalha olímpica. Tinha a marca de 4,80m, que valeu a prata para a norte-americana Suhr na China. E acabara de ser bronze no Mundial Indoor.
Na final da prova, porém, após passar com facilidade por seu primeiro salto, de 4,45m, foi procurar a vara que iria usar para suas tentativas seguintes. O equipamento tinha sumido. Após discutir muito com oficiais chineses, deu a vara como perdida. Abalada emocionalmente, não conseguiu passar dos 4,55m. Ainda tentou 4,60m, mas falhou.
Assim que a prova acabou, Fabiana declarou que nunca mais voltaria para Pequim. Mudou de opinião e, hoje, teve certeza que acertou a decisão.
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